Nunca foi só a Neusinha
por Ricardo Mezavila
No Rio de Janeiro, quem governa de verdade não tem sido o governador, prefeito, vereadores e deputados. Quem governa, há pelo menos quatro décadas, são as milícias e as facções criminosas que se infiltraram no Estado como uma doença.
A data exata em que a política fluminense foi capturada pelo crime organizado ninguém sabe ao certo, porque a entrega foi lenta, silenciosa e, acima de tudo, lucrativa para muita gente de terno e gravata, mas os porquês a gente sabe muito bem: impunidade, conluio, financiamento de campanha e a covardia histórica de quem preferiu negociar com o diabo a enfrentá-lo.
Basta ver o histórico de prisões de governadores e presidentes da Assembleia Legislativa, para se ter uma ideia de como o Rio está envolto em uma teia criminosa que parece ter consumido a justiça.
Foi daqui, do Rio, que um certo militar tornou-se folclórico na política local, depois passou mais de duas décadas na Câmara de Deputados junto ao baixo clero, até virar uma aberração social e conseguir o improvável: a Presidência da República.
A corrupção corre tão solta, que estão prendendo o candidato antes que chegue a governador. O deputado estadual, presidente da ALERJ, Rodrigo Bacelar – União Brasil – foi preso pela PF por repassar informações confidenciais da Operação Zargun – deflagrada em setembro de 2025 e que resultou na prisão do ex-deputado estadual Thiago Raimundo dos Santos Silva, o TH Joia -MDB – um dia antes da ação policial.
Rodrigo Bacellar e o governador Cláudio Castro – PL- mantiveram uma relação política marcada por proximidade inicial, influência mútua e, mais recentemente, tensão e distanciamento.
Essa dinâmica reflete os bastidores da política fluminense, onde alianças eleitorais se entrelaçam com disputas de poder e investigações sobre corrupção e crime organizado.
E, por aqui, ainda tem aquele que jura que tudo começou quando o governador Brizola proibiu a PM de subir o morro, com medo que prendessem a Neusinha.
Ricardo Mezavila, cientista político
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