
A declaração do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, de que “houve um planejamento de golpe, mas nunca teve golpe efetivamente”, gerou revolta entre aliados de Jair Bolsonaro. A fala ocorreu em um evento em Itu, no interior de São Paulo, e foi interpretada como um prejuízo direto à narrativa de defesa do ex-presidente.
Um dos principais pontos da estratégia jurídica de Bolsonaro e de outros réus é justamente negar que tenha havido qualquer planejamento de golpe. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), no entanto, condenou o ex-presidente por liderar uma trama golpista, e a declaração de Valdemar acabou reforçando a versão acolhida pelo tribunal.
Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência e aliado próximo da família Bolsonaro, reagiu publicamente nas redes sociais. Ele questionou quem teria planejado o golpe e se houve financiamento, afirmando que “não é possível mais ouvirmos e nos calarmos. Chega”.
Em outra postagem, Wajngarten criticou de forma direta o presidente do PL: “Quando não se tem o que falar, é melhor não falar. Abrir a boca sem a mínima preparação vai errar sempre”.
Ao JENIOOOOOO do assessoramento, conselho gratuito de 2f, só hoje, é melhor não tentar corrigir pela enésima vez.
Vai dar mais barulho e repercussão negativa.
1-Quando não se tem o que falar, é óbvio que é melhor não falar.
2-Abrir a boca sem mínima preparação vai errar SEMPRE.…— Fabio Wajngarten (@fabiowoficial) September 15, 2025
Uma liderança próxima a Bolsonaro, em declaração reservada, foi ainda mais dura “Quando a gente não sabe o que falar, fica quieto, cala a boca. Até o tolo, quando se cala, passa por sábio. Valdemar falou asneira, besteira”, disse à coluna de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo.
Outro parlamentar do PL de São Paulo, sob anonimato, afirmou que, apesar da justificativa de que Valdemar teria se expressado mal, existe a leitura de que o dirigente busca construir um bolsonarismo sem Bolsonaro, o que amplia o desgaste interno no partido.
A advogada Flavia Ferronato, com 800 mil seguidores e alinhada ao bolsonarismo, também questionou publicamente as declarações. Ela indagou se os advogados de defesa dos réus concordavam com a fala de Valdemar.
Procurado, o presidente do PL não respondeu às críticas. Valdemar admitiu que Bolsonaro planejou um golpe, mas negou a existência de um crime. Para ele, o “grande problema” foi o ataque golpista de 8 de janeiro de 2023 em Brasília.
“Houve um planejamento de golpe, mas nunca teve o golpe efetivamente. No Brasil a lei diz o seguinte: ‘se você planejar um assassinato, mas não fez nada, não tentou, não é crime’. O golpe não foi crime. O grande problema nosso é que teve aquela bagunça no 8 de Janeiro e o Supremo diz que aquilo foi golpe. Olha só, que absurdo, camarada com pedaço de pau, um bando de pé de chinelo quebrando lá na frente e eles falam que aquilo é golpe”, disse o dirigente.