Em um texto publicado no domingo (14) pelo The New York Times, o jornal mais importante dos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a soberania nacional, o papel do Supremo Tribunal Federal (STF) na democracia e a independência do Poder Judiciário. O petista também escancarou mentiras ditas pelo presidente norte-americano Donald Trump, que afirmou falsamente que o país dele tem déficit comercial com o Brasil – quando a realidade é totalmente oposta. Os Estados Unidos têm superávit comercial histórico em relação ao comércio bilateral com a nossa nação.

“Ao longo de décadas de negociação, primeiro como líder sindical e depois como presidente, aprendi a ouvir todos os lados e a levar em conta todos os interesses em jogo. Por isso, examinei cuidadosamente os argumentos apresentados pelo governo Trump para impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros”, escreveu Lula. 

“A recuperação dos empregos americanos e a reindustrialização são motivações legítimas. Quando, no passado, os Estados Unidos levantaram a bandeira do neoliberalismo, o Brasil alertou para seus efeitos nocivos. Ver a Casa Branca finalmente reconhecer os limites do chamado Consenso de Washington, uma prescrição política de proteção social mínima, liberalização comercial irrestrita e desregulamentação generalizada, dominante desde a década de 1990, justificou a posição brasileira. Mas recorrer a ações unilaterais contra Estados individuais é prescrever o remédio errado. O multilateralismo oferece soluções mais justas e equilibradas. O aumento tarifário imposto ao Brasil neste verão não é apenas equivocado, mas também ilógico”, completou o presidente.

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O presidente brasileiro destacou que as motivações de Trump para taxar o Brasil não são econômicas, mas sim políticas. “A falta de justificativa econômica por trás dessas medidas deixa claro que a motivação da Casa Branca é política. O vice-secretário de Estado, Christopher Landau, teria dito isso no início deste mês a um grupo de líderes empresariais brasileiros que trabalhavam para abrir canais de negociação. O governo americano está usando tarifas e a Lei Magnitsky para buscar impunidade para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que orquestrou uma tentativa fracassada de golpe em 8 de janeiro de 2023, em um esforço para subverter a vontade popular expressa nas urnas”, descreve o petista em um dos trechos do artigo.

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Investigação de meses

Lula destacou que as investigações contra Jair Bolsonaro e outros golpistas duraram meses e que houve amplo direito de defesa, mas as acusações são extremamente graves. “Tenho orgulho do Supremo Tribunal Federal (STF) por sua decisão histórica na quinta-feira, que salvaguarda nossas instituições e o Estado Democrático de Direito. Não se tratou de uma “caça às bruxas”. A decisão foi resultado de procedimentos conduzidos em conformidade com a Constituição Brasileira de 1988, promulgada após duas décadas de luta contra uma ditadura militar. A decisão foi resultado de meses de investigações que revelaram planos para assassinar a mim, ao vice-presidente e a um ministro do STF”, ressaltou.

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Por fim, Lula afirma que o Brasil segue aberto ao diálogo, mas que de nenhuma maneira colocaria sua soberania na mesa de negociações. “Presidente Trump, continuamos abertos a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos. Mas a democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta. Em seu primeiro discurso à Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2017, o senhor afirmou que “nações fortes e soberanas permitem que países diversos, com valores, culturas e sonhos diferentes, não apenas coexistam, mas trabalhem lado a lado com base no respeito mútuo”. É assim que vejo a relação entre o Brasil e os Estados Unidos: duas grandes nações capazes de se respeitarem mutuamente e cooperarem para o bem de brasileiros e americanos”, completa.

Da Redação

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Last Update: 15/09/2025