Neste domingo (15), o estado mais populoso da Alemanha, a Renânia do Norte-Vestfália, teve suas eleições municipais. Ainda que a União Democrata-Cristã da Alemanha (CDU, na sigla em alemão), partido do primeiro-ministro alemão Friedrich Merz, tenha conquistado a maior fatia dos votos, o grande destaque do pleito foi o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão).

Até o fechamento desta edição, a projeção mais recente indicava que a CDU alcançaria 33,3% — um terço de todo o eleitorado. A votação, no entanto, teria sido 1% menor que a do partido nas eleições de 2020, quando registrou 34,3% dos votos.

O segundo partido mais bem votado foi o Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD, na sigla em alemão), com 22,1%. Os social-democratas tiveram uma queda ainda maior em relação ao CDU. O SPD conquistou 24,3% dos votos da Renânia do Norte-Vestfália em 2020, resultado que já foi considerado um vexame na época.

O terceiro lugar ficou com a AfD, que triplicou sua votação. A legenda passou de 5,1% dos votos em 2020 para 14,5% na projeção mais recente. Os Verdes, por outro lado, tiveram, proporcionalmente, a pior derrota. O partido, que havia alcançado seu melhor resultado em 2020, com 20% dos votos, despencou para um total de 13,5%. O líder dos Verdes, Felix Banaszak, afirmou que um partido “não perde oito por cento se tiver feito tudo certo” e reconheceu que a legenda está “em uma situação difícil, que em parte nós mesmos somos responsáveis”.

O Partido Democrático Livre (FDP, na sigla em alemão) obteve 3,7% dos votos, uma queda em relação aos 5,6% de cinco anos atrás. A legenda A Esquerda ficou com 5,6%, superando seu resultado de 2020, que foi de 3,8%.

O partido de extrema esquerda Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) obteve apenas 0,1% dos votos e foi incluído na categoria “Outros” nas estatísticas. O presidente do BSW, Amid Rabieh, reclamou dos obstáculos impostos aos partidos pequenos:

“Antes da eleição, tivemos que coletar cerca de 30.000 assinaturas de apoio para poder concorrer em aproximadamente 60% dos distritos e grandes cidades.”

Ele também alegou que os partidos pequenos foram desfavorecidos financeiramente. Devido à decisão de elevar o tamanho mínimo dos grupos parlamentares de três para até cinco assentos nos conselhos municipais, eles perderam o direito de apresentar moções.

Cerca de 13,7 milhões de pessoas na Renânia do Norte-Vestfália foram chamadas a votar para definir a composição de parlamentos municipais, conselhos distritais e assembleias regionais. Também ocorreram importantes eleições para prefeito em Colônia e Düsseldorf. A votação ocorreu em 427 municípios. A participação eleitoral aumentou significativamente para 56,5%, a maior desde 1994.

No distrito de Münster, a apuração dos resultados foi afetada por uma falha digital. Os servidores ficaram sobrecarregados das 18h às 22h, impedindo a exibição de resultados de alguns municípios.

Em 147 cidades, onde nenhum candidato alcançou a maioria absoluta, haverá segundo turno. É o caso de Düsseldorf, capital do estado, onde o prefeito atual, Stephan Keller (CDU), ficou em primeiro lugar com 43,6% dos votos, mas não alcançou a maioria absoluta. Ele disputará o segundo turno com a candidata dos Verdes, Clara Gerlach, que ficou em segundo com 22,2%.

A candidata dos Verdes, Berivan Aymaz, alcançou 28,1% dos votos em Colônia. O candidato do SPD, Torsten Burmester, ficou em segundo lugar com 21,3%. O segundo turno, em duas semanas, decidirá quem será o novo prefeito da cidade.

Três candidatos da AfD disputarão o segundo turno para o cargo de prefeito em duas semanas. As três cidades são tradicionalmente redutos da classe trabalhadora na região do Ruhr: Gelsenkirchen, Duisburg e Hagen.

A líder do SPD do estado, Sarah Philipp, e o primeiro-ministro de NRW, Hendrik Wüst (CDU), afirmam que apoiarão os candidatos de outros “partidos democráticos” contra a AfD nos segundos turnos:

“Onde a CDU estiver no segundo turno contra a AfD, é claro que, como social-democrata, apoiarei a candidatura da CDU, e espero o mesmo na situação inversa.”

Na cidade de Hagen, a disputa para o segundo turno está acirrada, com o candidato da CDU, Dennis Rehbein, garantido com 25,1%. A segunda e a terceira posição estão muito próximas, com o candidato da AfD, Michael Eiche, com 21,3%, e o candidato do SPD, Thomas Köhler, com 20,9%.

Em Dortmund, tradicional reduto do SPD, os sociais-democratas tiveram uma amarga derrota. O prefeito da cidade, Thomas Westphal (SPD), obteve apenas 27,4% dos votos, uma queda em relação aos 35,9% de cinco anos atrás. Ele terá de disputar o segundo turno com seu rival da CDU, Alexander Omar Kalouti (17%).

Segundo o jornal burguês alemão Bild, seus economistas expressaram preocupação com o crescimento da AfD, alertando que o sucesso do partido é um “sinal de alerta para investidores internacionais” e representa “riscos econômicos consideráveis” devido ao seu programa. Crítica à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e da União Europeia, a AfD tem canalizado a revolta popular contra a política oficial do imperialismo na Alemanha.

Às vésperas da eleição na Renânia do Norte-Vestfália, a AfD denunciou que sete de seus candidatos haviam morrido, sugerindo que os partidos do chamado “centro” — SPD e CDU — poderiam estar por trás de tais acontecimentos.

O atual primeiro-ministro, que é natural de Renânia do Norte-Vestfália, enfrenta uma crise de impopularidade, motivada por seus cortes sociais para alimentar os gastos militares contra a Rússia.

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Last Update: 15/09/2025