A delegação brasileira para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 será um marco histórico. Pela primeira vez, o Time Brasil terá mais mulheres do que homens entre seus 277 atletas. Anunciado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) nesta quinta-feira (11), o grupo conta com 153 mulheres, representando 55% do total, um aumento de 8% em relação à edição anterior dos Jogos, em Tóquio.
Essa conquista é fruto de um trabalho contínuo do COB em parceria com as Confederações Brasileiras de modalidades olímpicas desde os Jogos Rio 2016. “Há dois ciclos olímpicos, após ser identificada uma oportunidade de crescimento do esporte feminino, o COB começou a investir especificamente nas mulheres. Não só atletas, mas também para tentar aumentar o número de treinadoras e gestoras. Com esse objetivo foi criada, em 2021, a área Mulher no Esporte no COB”, explicou Mariana Mello, gerente de Planejamento e Desempenho Esportivo do COB e subchefe da Missão Paris 2024.
O aumento do número de vagas em esportes coletivos foi um fator decisivo para essa maioria feminina. As atletas brasileiras garantiram vagas em modalidades como futebol, vôlei, handebol e rúgbi, enquanto os homens se classificaram no vôlei e basquete. O desempenho recente de atletas como Rebeca Andrade (ginástica artística), Beatriz Ferreira (boxe), Rayssa Leal (skate street) e Ana Marcela Cunha (maratona aquática) também impulsiona a expectativa de mais pódios femininos.
Paridade de gênero
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 também serão marcados pela paridade de gênero nas competições, com o mesmo número de atletas masculinos e femininos pela primeira vez na história. As 10.500 vagas foram preenchidas por 5.250 mulheres e 5.250 homens. Essa meta foi alcançada graças a iniciativas do Comitê Olímpico Internacional (COI), que busca aumentar o equilíbrio de gênero não apenas entre os atletas, mas também em cargos de liderança.
Embora o número de atletas mulheres e homens seja igual, ainda há um longo caminho para alcançar a igualdade de gênero em posições de liderança, como treinadores e oficiais técnicos. Em Tóquio 2020, apenas 13% dos treinadores eram mulheres, número que caiu para 10% em Pequim 2022. Para abordar essa questão, o COI lançou programas como o WISH (Women in Sport High Performance Pathway), financiado pela Solidariedade Olímpica, para fornecer treinamento para 100 treinadoras antes de Paris.
E não é só isso. Em maio de 2021 o COI aprovou 21 objetivos de igualdade e inclusão de gênero para o período de 2021-2024, estabelecendo ações para ajudar a alcançar a recomendação 13 da Agenda Olímpica 2020+5 de, entre outros fatores, “aumentar o equilíbrio de gênero em todos os níveis de governança do COI”.
A trajetória rumo à igualdade de gênero nos Jogos Olímpicos tem sido longa. Desde Paris 1900, quando mulheres competiram pela primeira vez, até Tóquio 2020, onde 48,7% dos atletas eram mulheres, o progresso é evidente. Paris 2024 será um marco nesse caminho, celebrando a paridade de gênero e a crescente participação feminina no esporte de alto rendimento.