Caos das tarifas de Trump começa a se concretizar
Estoques elevados, perda de empregos e inflação acelerando mostram caos das tarifas de Trump na economia dos EUA
Por Marcos de Oliveira, no Monitor Mercantil
Os números recentes sobre emprego, produção e inflação nos Estados Unidos confirmam o caos provocado na economia pelas tarifas de importação e outras políticas de Donald Trump. Disrupção, aliás, buscada pelo governo estadunidense. O que vem pela frente é incerto, mas já se pode vislumbrar alguma coisa.
O Índice de Preços ao Produtor (PPI) registrou uma queda de 0,1% em agosto. “A retração dos preços não decorre de ganhos de produtividade, mas sim de uma desinflação forçada, causada por estoques elevados, margens comprimidas e uma demanda fraca por bens industriais. Esse quadro sugere que a cadeia produtiva ainda não se recuperou dos choques tarifários e logísticos recentes, especialmente em meio à indefinição comercial com a China, cujo acordo segue pendente até novembro”, explica Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos.
“A manufatura perdeu, em média, 12 mil empregos por mês nos últimos 3 meses, e a incerteza gerada pelas disputas comerciais tem levado empresas a adiar investimentos e contratações. O relatório de agosto não apenas confirma a desaceleração da economia americana, como também evidencia os efeitos das políticas públicas sobre o mercado de trabalho”, afirma Simioni.
A inflação (Consumer Price Index, CPI) subiu 0,4% em agosto, levando a inflação anual para 2,9%, maior nível desde janeiro. O núcleo do CPI, que exclui alimentos e energia, permanece em 3,1%, acima da meta de 2%. As cifras anualizadas do núcleo nos últimos 3 meses se aproximam de 4%.
Estima-se que ainda há mais por vir, já que os estoques feitos antes de as tarifas entrarem em vigor estão segurando os aumentos de preços. Por enquanto.
Leia também
The New York Times: Brasil teve sucesso onde EUA falharam
Roberto Amaral: Um julgamento histórico e o labirinto das circunstâncias