O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o anúncio do tarifaço, no início de abril. Foto: Reprodução

A inflação nos Estados Unidos registrou em agosto o maior avanço em sete meses, reflexo direto das tarifas impostas por Donald Trump sobre produtos importados. Os dados oficiais, divulgados nesta quinta-feira (11), mostram que a alta superou as expectativas do mercado e pressiona ainda mais a economia americana. Com informações do colunista Jamil Chade, do UOL.

De acordo com o Departamento de Estatísticas do Trabalho, o Índice de Preços ao Consumidor subiu 0,4% em agosto, após alta de 0,2% em julho. No acumulado de 12 meses até agosto, a inflação chegou a 2,9%, o maior índice desde janeiro.

Em julho, o resultado havia sido de 2,7%. Alimentos e moradia foram os principais responsáveis pelo aumento, mas também houve altas expressivas nos preços de carros e caminhões usados e nos serviços de transporte, incluindo passagens aéreas, com elevação superior a 1%.

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Clientes fazem compras em mercado em Nova York. Foto: Amir Hamja

A chamada inflação “básica”, usada pelo Federal Reserve como indicador por excluir itens voláteis como energia e alimentos, manteve-se em 3,1%. Economistas alertam que o impacto do tarifaço ainda não foi totalmente repassado aos preços.

“As evidências são contundentes de que mais inflação relacionada às tarifas está por vir, embora ainda possa levar vários meses para que ela seja totalmente repassada”, afirmou Stephen Stanley, economista-chefe do Santander U.S. Capital Markets.

Pressão de Trump

O cenário é delicado para o governo Trump, que em sua campanha prometeu reduzir rapidamente o custo de vida dos americanos. Sem resultados concretos, ele pediu “paciência” aos eleitores ainda no primeiro semestre do ano.

O aumento da inflação coincide com tensões sobre a divulgação dos dados. O gabinete do inspetor-geral do Departamento do Trabalho anunciou revisão nos processos de coleta e publicação de estatísticas. A medida veio após Trump demitir a chefe da agência de estatísticas, Erika McEntarfer, depois de um relatório de empregos considerado fraco.

A desaceleração na criação de empregos nos últimos três meses e a queda na oferta de trabalhadores, agravada pela ofensiva contra a imigração, também preocupam analistas. O mercado agora aguarda a decisão do Federal Reserve, que deve anunciar na próxima semana se haverá corte na taxa de juros para conter os efeitos da inflação e da instabilidade no emprego.

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Last Update: 11/09/2025