A expressão “apito de cachorro” é uma metáfora poderosa para descrever mensagens que, embora pareçam inofensivas ou vagas para o público em geral, são perfeitamente compreendidas por um grupo específico — geralmente extremistas ou seguidores radicais. No caso de Eduardo Bolsonaro, suas recentes ameaças ao ministro Alexandre de Moraes e à sua família se encaixam perfeitamente nesse conceito.

A ameaça velada

Durante uma transmissão ao vivo, Eduardo Bolsonaro afirmou que iria “atrás” de Moraes, de sua esposa e de seus filhos. Embora tenha tentado justificar suas palavras como parte de uma postura “agressiva para ser pacífico”, o conteúdo da mensagem é claro: trata-se de uma ameaça direta, com potencial de incitar violência por parte de seus seguidores mais radicais.

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Esse tipo de discurso não é novo no bolsonarismo. Desde os tempos em que Jair Bolsonaro era deputado federal, frases de efeito e provocações contra instituições democráticas faziam parte da estratégia de mobilização. Mas o que antes era visto como bravata, hoje se transforma em risco concreto, especialmente diante do histórico da família com milícias e grupos armados.

As raízes profundas da violência

A trajetória política dos Bolsonaro está marcada por relações perigosas. Jair Bolsonaro emergiu dos porões da ditadura militar, onde operavam os setores encarregados de tortura e repressão. Mais tarde, seus filhos estabeleceram vínculos com milicianos do Rio de Janeiro, como Adriano da Nóbrega, ex-chefe do Escritório do Crime.

Adriano foi homenageado por Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Sua mãe e sua ex-esposa trabalharam no gabinete do então deputado estadual. Após se tornar foragido, Adriano foi morto em uma operação policial cercada de suspeitas — muitos acreditam que foi uma queima de arquivo, dado o que ele sabia sobre os bastidores do poder.

Mortes e silêncios

A sombra da morte ronda a trajetória dos Bolsonaro. O assassinato de Marielle Franco, a execução de Adriano da Nóbrega e até a morte de Gustavo Bebbiano, ex-aliado do clã, são episódios que levantam suspeitas e alimentam teorias sobre o uso da violência como instrumento político.

Diante desse histórico, as ameaças de Eduardo Bolsonaro não podem ser tratadas como simples exageros retóricos. Elas são parte de uma estratégia de intimidação, que visa enfraquecer instituições e criar um clima de medo.

O contexto internacional

Eduardo está nos Estados Unidos, onde busca apoio do movimento MAGA, liderado por Donald Trump. O presidente norte-americano tem feito insinuações sobre intervenções armadas e sanções contra autoridades brasileiras, como Alexandre de Moraes. A Lei Magnitsky, usada para punir violações de direitos humanos, já foi aplicada contra o ministro, e novas ações estão sendo cogitadas.

Essa articulação internacional reforça o caráter transnacional da ameaça. Não se trata apenas de uma disputa interna, mas de uma tentativa de alinhar o Brasil a uma agenda autoritária global.

O silêncio das instituições

Em um país com normas mínimas de conduta parlamentar, Eduardo Bolsonaro já teria sido cassado. Mas o Congresso permanece inerte, enquanto a escalada retórica continua. O risco é que esse silêncio institucional seja interpretado como permissão — e que novas ameaças se convertam em ações concretas.

Conclusão

O “apito de cachorro” de Eduardo Bolsonaro é mais do que uma metáfora: é um alerta. Quando líderes políticos usam sua influência para incitar violência, a democracia está em risco. Cabe à sociedade, às instituições e à imprensa denunciar, resistir e exigir responsabilização.

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Last Update: 10/09/2025