
Por Ana Oliveira e Felipe Borges | Pragmatismo Político
A Polícia Civil investiga a morte de Alícia Valentina, de 11 anos, vítima de uma agressão brutal dentro da Escola Municipal Tia Zita, em Belém do São Francisco, no Sertão de Pernambuco. A menina teve morte cerebral confirmada no Hospital da Restauração, no Recife, no último domingo (7).
Segundo o boletim de ocorrência, Alícia foi interceptada e agredida por cinco colegas no banheiro da escola, na quarta-feira (3). Entre os agressores, está um menino cujo nome não foi divulgado em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Atendimento médico em sequência de falhas
A violência foi seguida de uma sucessão de erros no atendimento médico. Após a agressão, Alícia foi levada ao hospital municipal com sangramento no nariz, mas recebeu alta sem exames adequados.
Em casa, voltou a apresentar sintomas — sangramento pelo ouvido e, depois, vômito com sangue. A família a levou novamente a unidades de saúde locais, mas em ambas as ocasiões ela foi liberada.
Somente quando o quadro se agravou, com hemorragias intensas, foi transferida para o hospital regional de Salgueiro, a uma hora de distância. De lá, encaminhada ao Hospital da Restauração, no Recife. A essa altura, no entanto, já chegou em morte cerebral.
No atestado de óbito consta como causa “traumatismo cranioencefálico produzido por instrumento contundente” — o que indica que Alícia provavelmente foi atingida na cabeça com um objeto.
Dor e revolta da família
A mãe descreveu Alícia como uma criança doce, tranquila, sem histórico de conflitos na escola. O pai, em choque, declarou que exige justiça e teme que os responsáveis repitam a violência contra outras crianças.
Um parente, que preferiu não se identificar, acusou a escola de negligência no acompanhamento. Segundo ele, embora o socorro inicial tenha sido prestado, nenhum representante da instituição acompanhou a menina até receber alta, deixando a família desamparada.
A Prefeitura de Belém do São Francisco foi procurada para comentar a falta de assistência, mas não respondeu até a última atualização desta reportagem.
Investigação e cobranças
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da agressão e identificar todos os envolvidos. Os responsáveis legais dos agressores devem ser chamados a prestar depoimento nos próximos dias.
Enquanto isso, a morte de Alícia expõe não apenas a violência crescente dentro das escolas, mas também a crônica negligência médica que ainda marca o sistema público de saúde no Brasil. A tragédia poderia ter tido outro desfecho se o atendimento adequado tivesse sido prestado desde o primeiro sinal de gravidade.
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