Manifestantes exibem uma enorme bandeira dos Estados Unidos durante ato bolsonarista de 7 de Setembro – Foto: Reprodução

A pauta continua sendo o impacto da presença de bandeiras dos Estados Unidos e de Israel nas manifestações do fascismo nas capitais, no 7 de setembro, incluindo Porto Alegre. A ministra da Secretaria das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, saiu na frente e disse o óbvio nas redes sociais:

“Bandeira do Brasil ignorada, dos EUA exaltada. A incoerência é total, o bolsonarismo envergonha o Brasil. Que vergonha. A festa é para celebrar a independência do Brasil”.

Sim, mas e daí? Não significa nada além da observação de que é uma vergonha. Não muda a opinião de ninguém que já sabe o que pensa sobre essa confusão que a extrema direita faz com símbolos do Brasil, de Israel e dos Estados Unidos.

É uma vergonha pra quem? Para a direita, mesmo a não bolsonarista, Estados Unidos e Israel seriam amigos do Brasil. Mesmo com a sabotagem de Trump.

Agricultores gaúchos, grandes exportadores de soja para a China (que compra 70% das nossas exportações do grão), acham que uma bandeira dos Estados Unidos vale muito. E que uma bandeira chinesa não vale nada.

É uma combinação de ideologia precária, do tempo da ditadura, com ignorância atualizada pelo bolsonarismo, com chinelagem e com submissão ao poder americano.

O sujeito só existe como agricultor por causa dos chineses. Mas odeia os chineses. E admira os americanos, apesar de muitas atividades das regiões de agricultura intensiva (móveis, calçados, metalurgia) serem atingidas pelo tarifaço da alucinação trumpista.

As bandeiras dos Estados Unidos e de Israel (que o bolsonarista acredita ser um país cristão) estão nas ruas por causa de confusões deliberadas. Se significam afronta à soberania nacional, não importa. Para eles, nada importa.

Mas fica sempre uma dúvida bem básica: o que faz, que profissão exerce, como ganha a vida uma pessoa que carrega nos ombros uma bandeira de Israel, por achar que Israel defende seus interesses?

Vale para os que colocam o boné de Trump. O que tem na cabeça alguém que, mesmo vendo amigos, familiares e conhecidos perderem emprego, exalta Trump? Tem o fascismo, mesmo que às vezes brando e dissimulado.

As aglomerações do domingo subiram um degrau na pregação da extrema direita e na radicalização dos discursos, principalmente pela adesão, agora pública, de Tarcísio de Freitas ao projeto de afronta ao Supremo.

Mas fica tudo como está. Se eles decidirem apresentar um projeto no Congresso, propondo que o hino brasileiro seja trocado pelo americano (com a letra adaptada por um cantor sertanejo), a Folha irá chamar seus especialistas para saber se é constitucional.

Tudo no Brasil é normalizado e passa sempre pela avaliação dos especialistas convocados pelos jornalões. A idiotia sustenta as opiniões dessa gente.

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Last Update: 09/09/2025