Igor Carvalho de Lima

A herança, mesmo para quem não possui muitos bens materiais, sempre foi um objeto de cobiça. Quantos filhos e netos assumem grupos empresariais estabelecidos e não obtém o mesmo sucesso dos seus ancestrais. Na política não é diferente, seja no legislativo ou no executivo, proliferam deputados, vereadores, prefeitos e até governadores que chegam a ser eleitos simplesmente pelo seu sobrenome.

Na eleição presidencial que se aproxima teremos uma tentativa de aliar sobrenome com ideologia radical. Jair Messias ou vai cumprir pena ou estará inelegível, no mínimo. E seus herdeiros parecem apostar todas as fichas nesta grife única na política brasileira: Bolsonaro. Mas será que o sobrenome será suficiente?

Hoje a resposta para esta pergunta seria, obviamente, negativa. Eduardo tem o comportamento de um jovem inconsequente. Tudo que vem à cabeça joga nas redes sociais, sem nenhum planejamento ou moderação. Tenta assumir uma relação fantasiosa com o poderoso e indomável Donald Trump. O deputado foragido não percebe que impõe narrativas que geram rejeição nos eleitores fora da sua bolha. E o pior, já se vê bolsonarista ferrenho com medo de votar nele e facilitar a reeleição do presidente Lula. Este segmento começa a ficar menos bolsonarista e mais anti-petista. Ou seja, abre espaço para outro candidato de direita fora do clã.

Michelle (foto/reprodução internet), a mais ponderada e com diferenciais em sua imagem pública, parece ser podada pelo próprio marido, um assumido machista, paternalista, para não dizer misógino. Ela conseguiria penetrar no segmento Nem de esquerda/Nem de direita. Mulher de fibra, determinada e que não deixa a feminilidade em segundo plano, mas vai acabar seguindo o caminho mais fácil e se tornar senadora pelo Distrito Federal. Da mesma forma, Eduardo não vai arriscar a perder seu cargo de senador e partirá para uma eleição natural no Rio de Janeiro. O vereador Carlos já vai mudar seu título para o estado mais bolsonarista do Brasil, Santa Catarina. Todos com caminhos sem muitos obstáculos, mas também sem glória.

Assim começa a surgir uma luz no fim do túnel para os vários direitistas que colocam seus nomes na disputa. Caiado, Zema e Ratinho Jr. não se interessam pelo Senado e ficam sem opção após deixarem seus cargos de governador. Todos apresentam a narrativa comum de defender a marca Bolsonaro, mas devem refletir sobre o que o eleitor realmente precisa: um sobrenome quase decadente ou um presidente eficiente para 2026?

Igor Carvalho de Lima – Dono do Instituto Viva Voz, mestre em administração mercadológica e marketing, com especialização no comportamento do consumidor e do eleitor.

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Last Update: 05/09/2025