Embora a grande imprensa venha apresentando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como o “julgamento do século”, o dia de ontem (3) foi, na verdade, repleto de momentos em que o líder da extrema direita apareceu como vítima de um processo absolutamente ilegal.

Ao contrário do primeiro dia do julgamento, quando Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), e Paulo Gonet, procurador-geral da República (PGR), tomaram a maior parte do tempo fazendo discurso político, apresentando a si mesmos como grandes defensores da “democracia”, o segundo dia foi dedicado às sustentações orais das defesas dos réus. E estes, muito longe de fazer demagogia com a “democracia” para ocultar a falta de embasamento legal para o processo, procuraram, ainda que de maneira contida, denunciar as ilegalidades.

O caso de maior atenção, como era de se esperar, foi o da defesa de Jair Bolsonaro, dirigida por Celso Vilardi. Ele, por vários momentos, mostrou que não havia um direito real à defesa. Ainda que os réus tiveram direito a contratar seus advogados e estes, por sua vez, puderam falar durante o julgamento, o cerceamento ao direito de defesa se deu por várias vezes durante o processo. Entre eles, o pouco tempo para que os defensores pudessem analisar as acusações contra seus clientes.

No mesmo dia em que os advogados questionavam o autoritarismo da Corte, Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), denunciava, em entrevista ao jornal Metrópoles, os métodos ilegais de Moraes para perseguir os seus adversários. Entre os casos citados, ganhou destaque o momento em que Moraes ordenou uma operação baseada em uma reportagem da imprensa, sem que houvesse qualquer apuração prévia.

A condenação de Bolsonaro segue cada vez mais provável por uma necessidade política, conforme ficou expresso no artigo da revista britânica Economist. O grande capital precisa condenar Bolsonaro como parte de seu plano para manipular as eleições de 2026.

A cada dia que se passa, no entanto, fica também mais claro que o julgamento é uma farsa.

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Last Update: 04/09/2025