Um ano após a Lei da igualdade salarial, mulheres ganham 87,8% do salário dos homens nos bancos

Negociação ocorreu nesta quinta-feira (11) durante a Campanha Nacional Unificada

Por Helena Silva*, Spbancários

Um ano após a sancionada a Lei nº 14.611, que aborda a igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre homens e mulheres no ambiente de trabalho, nas matrizes dos cinco maiores bancos (Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa) a desigualdade é mantida: a remuneração média das mulheres bancárias representou 87,8% da remuneração média dos homens, dados de 2022 divulgados no primeiro semestre de 2024. Em relação aos cargos de liderança, a remuneração média das mulheres é 79% da remuneração dos homens nestes cargos.

Os dados fazem parte do relatório de transparência salarial, com base em uma compilação dos dados das unidades com mais empregados dos cinco maiores bancos.

“Estamos na Campanha Nacional Unificada dos Bancários e hoje (11) reivindicamos, na mesa de negociação com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), igualdade de oportunidades. As mulheres representam 47,8% da categoria bancária, ganham menos, e têm perdido postos de trabalho, especialmente, por conta do fechamento de agências bancárias e pela menor participação das mulheres em vagas relacionadas à Tecnologia da Informação. Em 2012, as mulheres eram 31,9% nas ocupações de TI e em 2022 a proporção caiu para 24,6%. E essa desigualdade é ainda maior com as mulheres negras. Enquanto os homens brancos respondem por 39% dos cargos de liderança, as mulheres negras respondem por apenas 10% dos cargos de liderança”, afirmou Maria Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

Entre as mulheres, nas prioridades citadas por uma pesquisa com mais de 47 mil trabalhadores no país, em cláusulas sociais, o tema da igualdade de oportunidades foi o mais relevante com 65% das respostas, seguido por manutenção de direitos com 49% e combate ao assédio moral com 43%.

Já entre os homens, o primeiro lugar ficou com manutenção de direitos com 74% e emprego com 54%. Igualdade de oportunidades foi o tema menos citado pelos homens com apenas 27% de respostas.

“As mulheres sentem na prática a desigualdade, com menores salários e dificuldade de ascensão profissional, mesmo com maior escolaridade. Além disso, sofrem com assédio sexual e dupla jornada. Cobramos dos bancos a inclusão de pessoas negras e trans, enfim igualdade em todos os setores da sociedade”, destacou Maria.

Em 3 de julho de 2023 foi sancionada a Lei nº 14.611, que aborda a igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre homens e mulheres no ambiente de trabalho, modificando o artigo 461 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Empresas com mais de 100 empregados devem adotar medidas para garantir essa igualdade, incluindo transparência salarial, fiscalização contra discriminação, canais de denúncia, programas de diversidade e inclusão, e apoio à capacitação de mulheres. A lei é uma iniciativa do Ministério do Trabalho e Emprego e do Ministério das Mulheres.

“Para que os bancos não continuem reforçando essa discriminação que está materializada no dia a dia, entre homens e mulheres, negros e negras, precisamos de mudança, mas essa mudança só vai acontecer com diálogo e enfrentamento em pontos sensíveis como acesso e ascensão”, completou Ana Costa, que também é da presidência da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

Categoria bancária

Na categoria bancárias são 113,8 mil trabalhadores que se declararam negros/as (26,2%); a participação dos negros nos bancos vem crescendo já que em 2012 representavam 18,9% da categoria.

As mulheres negras bancárias são 50,8 mil ou 12% do total de trabalhadores/as

As mulheres ocupam 45,8% dos Cargos de Liderança. Considerando o recorte racial, mulheres negras representam 9,5% destes cargos.

80% das bancárias têm ensino superior completo. Entre os homens esse percentual é de 77%

A remuneração média das mulheres bancárias é 20% inferior à remuneração média dos homens bancários;

Ao analisar o recorte racial, verifica-se que a remuneração média das mulheres negras (pretas e pardas) é 36% inferior à remuneração média do bancário branco do sexo masculino.

A remuneração média das mulheres nos cargos de liderança é 25% inferior à remuneração dos homens

Presidências e Vice-Presidências: apenas 18,6% de mulheres

Direções Executivas: apenas 22,8% de mulheres

Todas as Instâncias (Direção/Comitês/Conselhos): apenas 20,1% de mulheres

*Helena Silva é jornalista, assessora de imprensa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região

Leia também

Categorizado em:

Governo Lula,

Última Atualização: 11/07/2024