O artigo Por uma articulação internacional da sociedade civil em defesa da democracia, publicado na Folha de S. Paulo, na coluna Opinião, neste domingo (24), ilustra como ONGs e grupos de pressão são apenas entidades liberais infiltradas na esquerda e que não lutam pela emancipação da classe trabalhadora. No máximo, pregam reformismo nisso que eles chamam de democracia.
No texto se vê a assinatura de seis pessoas: Helena Salvador (Pacto pela Democracia), Lizete Nóbrega (Aláfia Lab), Susana Barbery (Conectas Direitos Humanos), Vanda Menezes (Coalizão Negra por Direitos), Viviana Santiago (Oxfam Brasil) e Beto Vasques (Democracia em Xeque).
Como se viu acima, são ONGs e entidades, muitas delas, talvez todas, financiadas pela Open Society, Fundação Ford (CIA), bancos como o Itaú etc. É uma intervenção direta do imperialismo na política brasileira.
O primeiro parágrafo do texto diz que “A democracia precisa entregar resultados para melhorar a vida real das pessoas. Mais do que fórmulas ou discursos, é a capacidade de governos democráticos gerarem mudanças concretas que definirá o sucesso do projeto democrático e o fim das desigualdades na América Latina e no mundo”. De que democracia eles estão falando?
Fala-se o tempo todo de democracia, mas a pobreza, a repressão estatal, o parasitismo financeiro, tudo isso só aumenta. No Brasil, por exemplo, os bancos levam R$ 7 bilhões de uma dívida para lá de paga. Então, como acreditar que ONGs financiadas por bancos vão lutar contra esses parasitas? Por acaso esses que se dizem defensores dos direitos humanos fazem uma ampla campanha contra o genocídio em Gaza? Pouco ou nada se vê.
Na América Latina se vê golpes e governos neoliberais por toda parte, não existe um “projeto democrático”, isso é uma farsa. O único projeto que existe é saquear ainda mais as riquezas de países, inclusive com o auxílio das ONGs.
Veja-se o caso do bloqueio da exploração de petróleo na Margem Equatorial, esses “defensores” do meio ambiente tentam impedir a todo custo, assim como tentaram impedir a construção da Usina de Belo Monte, tentando impedir o desenvolvimento e o bem-estar para milhões de pessoas que vivem na região amazônica.
Quais melhorias?
As supostas mudanças e fim das desigualdades, segundo o artigo, “foi uma das principais conclusões do encontro ‘Democracia Sempre’, que reuniu em julho, em Santiago (Chile), os presidentes de Brasil, Chile, Uruguai, Colômbia e Espanha, além de representantes da sociedade civil, da academia e especialistas da região”. A primeira coisa que qualquer um deveria desconfiar, e não comemorar, é a presença da Espanha em um encontro que se reivindica democrático.
A Espanha é um país imperialista. O imperialismo europeu dá suporte aos sionistas para promoverem esse terrível genocídio na Faixa de Gaza. O Chile, com seu presidente, Gabriel Boric, que foi aplaudido quando eleito pela esquerda pequeno-burguesa, mostrou ser apenas mais um capacho do grande capital. Nada fez pelas pessoas presas por lutarem contra a extrema direita, e se especializou em hostilizar a Venezuela.
Chama a atenção um trecho no qual afirmam que uma “preocupação que se mostrou comum entre todos os países presentes e que aponta para a importância dos partidos políticos nesse processo: eles devem atuar como filtros contra candidaturas autocráticas e serem o centro de discussão e atualização do pensamento democrático”.
É uma ingerência direta em como devem funcionar os partidos. Obviamente, lançam uma cortina de fumaça, a de ser contra candidaturas autocráticas. Autocracias, como se vê, são países como Cuba, Venezuela e Nicarágua, que estão na linha de tiro do imperialismo. Nesse sentido, a “luta pela democracia” é mais um flanco a ser explorado por esses países oprimidos pelo grande capital internacional.
Siga o dinheiro
É sabido que o identitarismo não quer mudanças sociais reais, no máximo prega algum tipo inócuo de reformismo. Uma coisa que se prega nessa ideologia é ocupação de “lugares de poder”, “posições de mando”. Isso fica claro no trecho que diz que “governos democráticos precisam fortalecer canais de participação e ir além da escuta. Eles precisam incorporar ações que fortaleçam a democracia dentro das instituições do Estado”.
ONGs não estão de fato preocupadas com direitos humanos, dos negros, do meio ambiente, nem nada. Querem atuar diretamente com esses “governos democráticos”, que é onde está o dinheiro.
Mais repressão
Ao mesmo tempo, em que fala em democracia, o texto diz que “a experiência da sociedade civil brasileira na defesa de um ambiente digital democrático e na articulação pela regulação das plataformas digitais é amplamente reconhecida”. Regulação, como se sabe, é uma forma bonita de se dizer censura.
Defesa de “ambiente digital” é mais uma fraseologia que a esses direitistas utilizam para tentar desvincular o “digita” de tudo o que é cotidiano. Como se fosse uma coisa “nova” que merece “novas” formas de tratamento e “regulação”. Quem mais está interessado em “regular” as redes sociais é o imperialismo, que tenta impedir que as pessoas divulguem ou vejam as atrocidades que vem cometendo.
Enquanto se aprofunda a censura, esses “democratas” falam em “avanço na defesa da integridade informacional no espaço digital (…) fortalecimento das instituições brasileiras”.Ou seja, é uma defesa do Estado burguês e suas instituições, como o Supremo Tribunal Federal (STF), que está impondo uma verdadeira ditadura judiciária no País.
É falso afirmar que “o encontro no Chile representou um importante movimento regional e internacional na defesa e ampliação da democracia”. É exatamente o contrário. A recente agressão americana contra a Venezuela, o golpe eleitoral na Bolívia, mostra que se caminha para menos democracia e mais desigualdade.
Conformismo
Fechando o artigo, os autores pedem que as pessoas tenham paciência, afinal, “Projetos democráticos e progressistas exigem passos firmes hoje, ainda que lentos, para que a justiça social, os direitos humanos e a participação no debate público alcancem todas as pessoas”.
As pessoas que têm a vida ganha sempre pedem que os outros tenham paciência, que não façam nada, que esperem, pois um dia a “democracia” vai alcançar a todos. O problema é que para a classe trabalhadora tudo é urgente. Quando se come mal, se vive mal, se ganha pessimamente, é preciso lutar.
A classe trabalhadora precisa se livrar das ONGs, elas são um obstáculo na luta pelos verdadeiros direitos democráticos. Elas têm sido utilizadas internacionalmente em revoluções coloridas; no bloqueio de obras como o Canal da Nicarágua, de estradas, hidrelétricas.
As ONGs, especialmente as identitárias, são apenas um fator de imobilismo e divisão dentro das lutas sociais e, portanto, devem ser igualmente combatidas e desmascaradas.