A sessão desta segunda-feira (1º), da CPMI do INSS, no Senado, reuniu tensão, cobranças e revelações sobre fraudes em descontos indevidos aplicados a aposentados e pensionistas. O advogado Eli Cohen, peça-chave nas investigações, prestou depoimento que despertou críticas e questionamentos de parlamentares do PT. Apesar de trazer informações importantes, o relato apresentou contradições que aumentaram a pressão sobre a comissão.
Contradições no depoimento
Eli Cohen declarou que a denúncia à Polícia Civil de São Paulo foi registrada em 6 de março de 2023, mas não apresentou documentos que comprovassem integralmente suas alegações. Questionado sobre quem a apresentou, disse: “Pode ser que eu tenha me confundido” e confirmou que, embora tenha assinado o relatório, a autoria seria da Sra. Maria Aparecida. O deputado Alencar Santana (SP) foi direto: “O senhor mentiu hoje ou no dia da entrevista?”.
O advogado que testemunhou na #CPMIdoINSS nesta segunda-feira (1°) tem muitas informações sobre a fraude no INSS contra aposentados. Disso ninguém tem dúvida. Mas ele se enrolou e se contradisse muito no depoimento, além de mostrar uma memória muito seletiva. Vamos ter que chamar… pic.twitter.com/fVuqsuOkk7
— Dep. Alencar Santana (@AlencarBraga13) September 2, 2025
Já o senador Randolfe Rodrigues (AP) criticou a demora na formalização: “O senhor teve conhecimento dos fatos em dezembro de 2022 e só apresentou a denúncia em março de 2023. Por quê?”. O parlamentar também questionou a alegada monitoria do Portal da Transparência: “Se o senhor disse que monitora os dados, então sabe ou não sabe quando houve o salto de 3 para 45 mil associados da Ambec?”. E em seguida trouxe a resposta: “em 31 de agosto de 2021”. Isso significa que o esquema explodiu ainda no governo Bolsonaro, ao contrário do que a oposição afirma.
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PT exige ação e provas concretas
Os parlamentares do PT enfatizaram que a comissão não pode se limitar a depoimentos sem comprovação. O deputado Rogério Correia (MG) denunciou manobras na condução da CPMI, que pediu a prisão preventiva de 20 denunciados, incluindo o “Careca do INSS”. “Presidente, sinceramente, eu acho isso uma manobra terrível que está acontecendo aqui”, afirmou, alertando para os riscos de decisões precipitadas. “Se o método de trabalho for esse, nós vamos sair daqui com 500 pessoas presas porque foram citadas”.
O deputado Paulo Pimenta (RS) Pimenta destacou a importância de apurar vínculos políticos e visitas suspeitas de criminosos ao Congresso: “Imaginem se algum membro aqui da comissão, por exemplo, era alguém que o criminoso frequentava o gabinete!”.
Doa a quem doer! A comissão precisa ter acesso às informações básicas, como o registro de visitas de suspeitos aos gabinetes de deputados e senadores. Só com total transparência será possível expor vínculos, cobrar responsabilidades e revelar a verdade por trás dos fatos. pic.twitter.com/tK3FvtXDrd
— Paulo Pimenta (@Pimenta13Br) September 1, 2025
Pimenta trouxe ainda um novo questionamento sobre o esquema: “O senhor foi procurado e lhe ofereceram dinheiro. Quem lhe procurou e quem lhe ofereceu dinheiro?”. Cohen tergiversou e não respondeu.
Crédito consignado e fraude sistêmica
Os deputados também lembraram o histórico do crédito consignado, que se transformou em ferramenta de fraudes: “Crédito consignado não é um mal em si. O problema é quando é usado para roubar”, alertou Correia. Ele destacou que, em 2022, “Bolsonaro estendeu o crédito consignado para BPC e Bolsa Família em pleno ano eleitoral”, aumentando o risco de fraudes.
O depoimento de Eli Cohen trouxe informações relevantes sobre o esquema de fraudes no INSS. No entanto, suas contradições, omissões e falta de clareza em pontos-chave levantaram dúvidas sobre o papel que de fato desempenhou.
A atuação da bancada do PT foi essencial para confrontar as lacunas da narrativa apresentada. Agora, a CPMI precisa avançar sobre a cadeia de responsabilidades institucionais e políticas que permitiram que essa fraude operasse por tantos anos.
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Da Redação