O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva, concedeu entrevista à Record News, nesta segunda-feira (1). Ele tratou dos temas mais relevantes ao país, entre os quais, o julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), o tarifaço de Donald Trump sobre parte das exportações brasileiras, as comemorações do Dia da Independência e as pautas voltadas ao povo trabalhador.
A respeito do processo sobre a tentativa de golpe de Estado, que pode levar Bolsonaro à prisão ainda neste mês, Edinho defendeu a democracia e pregou respeito ao resultado das eleições de 2022. “O Brasil está passando a limpo uma tentativa de golpe, ou seja, nós tivemos um processo eleitoral. O povo brasileiro fez uma escolha. Democraticamente fez uma escolha”, avaliou.
“Portanto, esse resultado tem que ser respeitado, porque a vontade do povo brasileiro é a vontade do exercício da nossa democracia. O que que nós, infelizmente, assistimos? Assistimos uma tentativa de golpe”, acrescentou.
Edinho considera “gravíssimo” o envolvimento das Forças Armadas (FAs) no plano macabro “Punhal Verde e Amarelo”, arquitetado para executar as principais autoridades da República.
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“Então, é grave o que está sendo julgado, o que se inicia amanhã, o julgamento no Brasil, é gravíssimo, porque uma tentativa de golpe para desrespeitar o resultado das urnas e, o pior, a organização da tentativa de assassinato do presidente Lula, do vice, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre Moraes [STF]. E quem é que reconhece essa tentativa de assassinato? Integrantes das Forças Armadas”, lamentou o presidente do PT.
Ouça a íntegra da entrevista no Podcast do Edinho, da Rádio PT:
“E se esse fato grave não tem que ser passado a limpo e os responsáveis, penalizados, eu não sei o que é a gravidade então, no desrespeito à democracia, no desrespeito ao direito à vida, porque quem planeja matar é porque não respeita a vida”, concluiu.
Tarifaço desproporcional
Edinho também foi questionado sobre o tarifaço de Trump e a resposta do governo Lula à medida desproporcional. O presidente do PT criticou a tentativa do republicano de interferir no julgamento de Bolsonaro, previsto para começar nesta terça (2). “Agora, o que estranho é como que o Trump, de fora do Brasil, que não acompanha o que acontece aqui, que não sabe como as nossas instituições funcionam, como que os acusados estão sendo levados a julgamento”, apontou.
“Primeiro, teve a investigação policial, teve a manifestação do Ministério Público e, claro, diante da investigação, da manifestação do Ministério Público, cabe ao Poder Judiciário julgar. As instituições brasileiras funcionam”, argumentou Edinho.
O presidente do PT disse que a soberania brasileira não deve ser questionada, muito menos por uma figura racista e xenófoba como o chefe da Casa Branca. Segundo Edinho, o Pix é um patrimônio nacional e a população do país não vai abrir mão dele. Tampouco a política externa do Brasil e os laços com o Brics podem ser alterados pela vontade de Trump.
“O que está errado é a ingerência de um país nas instituições do Brasil. É a ingerência de um país na forma como as nossas instituições funcionam. É a ingerência de um país para que a nossa democracia não seja preservada. Se nos Estados Unidos teve a invasão ao Capitólio, portanto, uma tentativa de golpe e, se lá, eles não investigaram e não puniram, aqui no Brasil não”, rebateu.
“Porque não é só o tarifaço, não é só a ingerência, é a forma como o Donald Trump persegue os imigrantes, é a forma como ele deporta os imigrantes. É a forma como ele obrigou a prefeitura de Washington a apagar das ruas de Washington a frase ‘vidas pretas importam’, portanto, ele obrigou que essa frase fosse apagada, que é uma frase consequência do assassinato do George Floyd, né, que indignou o mundo, onde um homem negro foi asfixiado em praça pública.”
7 de setembro
Em meio às investidas dos Estados Unidos (EUA) contra a soberania do Brasil, Edinho falou da importância de se comemorar o 7 de setembro e de se exaltar o Dia Independência. “Eu penso que nós temos que ir para as ruas celebrar o Brasil enquanto um país independente, enquanto um país soberano, enquanto um país que tem construído […] a sua história de respeito aos outros países, aos demais países, mas também quer ser respeitado”, definiu.
“Quem quiser celebrar a soberania brasileira, quem quiser celebrar a história da Independência brasileira, de forma pacífica, que participe do ato que nós, junto com outras entidades, instituições, partidos do campo democrático, estamos organizando. Quem quiser participar de outro tipo de manifestação no 7 de setembro, que também participe, tem espaço para todo mundo”, convocou o presidente o PT.
Edinho abordou ainda as pautas mais caras aos trabalhadores, como a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil, a taxação dos super-ricos e o fim da escala 6×1.
“Essa vai ser a nossa agenda de celebração do 7 de setembro: um país que debata a questão do direito do trabalhador ter tempo para o lazer, ter tempo para o estudo, ter tempo para a família, né? Nós vamos inserir também o direito do trabalhador a ter o passe livre nas grandes cidades, que é uma bandeira que nós levantamos, já que, hoje, 20 milhões de brasileiros não conseguem andar de metrô ou de ônibus, porque não têm dinheiro para pagar o metrô, não têm dinheiro para pagar o ônibus”, resumiu.
Da Redação