Os mercados financeiros ainda não precificaram as consequências das ações do presidente norte-americano Donald Trump contra o Federal Reserve, como o aumento da inflação e a perda da confiança na dívida pública.
Pesquisa realizada pelo jornal britânico Financial Times junto a 94 economistas dos EUA e da Europa destaca que muitos temem que o poder da autoridade monetária norte-americana em manter os juros em patamares capazes de controlar a inflação seja afetado.
Entrevistados chegaram a descrever os prognósticos para a política monetária dos Estados Unidos como “horríveis” e “um desastre” – um dos entrevistados chegou a afirmar que o Fed “será uma marionete nas mãos do governo”.
Além disso, mais de um quarto dos economistas temem que o Fed não consiga isentar os custos dos empréstimos norte-americanos da influência política até 2029, quando se encerra o mandato de Trump.
Ao mesmo tempo, 45% dos entrevistados consideram que é muito cedo para dizer em que situação o banco central estará até lá.
A desconfiança ressoa em outras autoridades econômicas: em entrevista para uma rádio francesa, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, destacou que seria “muito preocupante” se a política monetária norte-americana “não fosse mais independente (…)”.
A pesquisa acontece no momento em que Trump aumenta seus ataques contra a autoridade monetária, seja por chamar Powell de “idiota” por não cortar os juros neste ano, ou pela demissão sumária da governadora do Fed Lisa Cook, que não apenas se recusou a deixar o cargo como iniciou uma luta contra Trump nos tribunais.