A endoscopia é um procedimento que possibilita identificar precocemente alterações no aparelho digestivo. Pode ser indicada diante de sintomas como dor frequente, queimação, dificuldade para engolir ou sinais de sangramento, oferecendo respostas claras para desconfortos que afetam a qualidade de vida. O exame também auxilia na detecção precoce de problemas mais graves, atuando como uma medida preventiva que oferece maior segurança e tranquilidade ao paciente.
Alguns mitos em torno da endoscopia podem gerar medo ou resistência entre os pacientes, levando muitos a adiar ou até evitar a realização do exame. Essa recusa representa um obstáculo importante, já que a endoscopia é uma ferramenta essencial para identificar precocemente problemas no sistema digestivo, como úlceras, gastrite e até mesmo o câncer.
A seguir, o Dr. Flávio Braguim, endoscopista do Hospital Santa Catarina – Paulista, esclarece os principais mitos sobre a endoscopia e explica sobre o funcionamento do exame na prática. Confira!
1. A endoscopia é extremamente dolorosa
Mito. Na grande maioria das vezes, a endoscopia é realizada sob sedação consciente ou profunda, o que garante que o paciente não sinta dor ou desconforto durante o processo. Em muitos casos, os pacientes nem se lembram do procedimento e, no máximo, sentem somente um desconforto na garganta após o exame, semelhante a uma dor de garganta leve.
2. É um procedimento muito demorado
Mito. A endoscopia leva de 15 a 30 minutos para ser realizada. Considerando o preparo e a recuperação da sedação, o tempo total de permanência do paciente na clínica ou hospital varia de 1 a 2 horas.
3. Há exposição à radiação durante o exame
Mito. A endoscopia não utiliza radiação. O endoscópio é um tubo fino e flexível com uma câmera na ponta que transmite imagens para um monitor, permitindo a visualização do interior do trato digestivo para o médico. Não existem raios-x ou outras formas de radiação envolvidas.
4. A endoscopia sempre exige internação hospitalar
Mito. Na maioria dos casos, a endoscopia é um procedimento ambulatorial. O paciente chega no local, realiza o exame e, após se recuperar da sedação, recebe alta no mesmo dia.

5. A endoscopia só é feita para diagnosticar câncer
Mito. Além de ser fundamental para a detecção precoce de câncer no trato gastrointestinal superior, o exame é essencial para diagnosticar e tratar uma ampla variedade de condições como úlceras, gastrite, esofagite, doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) e doença celíaca. Também é utilizado para remover pólipos benignos, que são excessos anormais de tecidos em superfícies mucosas do corpo.
Preparo para a endoscopia
O preparo adequado é fundamental para garantir a segurança e eficácia da endoscopia. Em primeiro lugar, o cuidado mais crítico é com o jejum: o paciente deve fazer jejum de alimentação sólida por 8 horas antes da realização do exame para garantir que o estômago esteja vazio. Isso permite uma visualização mais clara e minimiza o risco de aspiração — o retorno de alimentos ou líquidos do estômago para os pulmões — durante a sedação.
Líquidos coloridos ou gaseificados não devem ser ingeridos, enquanto os líquidos claros, como água, chás e sucos coados sem polpa, exigem jejum de 2 a 4 horas. Além disso, o médico precisa ser informado sobre todos os medicamentos utilizados de forma contínua, incluindo suplementos e fitoterápicos porque, em alguns casos, as substâncias são suspensas alguns dias antes do exame sob orientação médica.
Como é feita a endoscopia
Quando chegar o dia do procedimento, é importante levar exames anteriores, lista de alergias e histórico de saúde para o local, além de um acompanhante adulto, que é obrigatório. Segundo o endoscopista do Hospital Santa Catarina – Paulista, Dr. Flávio Braguim, o exame acontece de forma rápida e tranquila.
“Durante a endoscopia, você será posicionado de lado e um protetor bucal será colocado para proteger seus dentes e o endoscópio. A sedação será administrada por via intravenosa e você adormecerá e ficará muito relaxado. O médico vai inserir o endoscópio pela boca, guiando-o suavemente pelo esôfago, estômago e duodeno, enquanto visualiza as imagens em um monitor. Biópsias podem ser coletadas, se necessário”, explica.
Cuidados após a endoscopia
Após o fim da endoscopia, a equipe leva o paciente para uma sala de recuperação para despertar da sedação e monitora os seus sinais vitais. Dor de garganta, gases e um leve inchaço são sintomas comuns que podem aparecer. Ao voltar a se alimentar, o recomendado é começar com líquidos claros e alimentos leves, como torradas, biscoitos e sopas, evitando alimentos gordurosos, pesados e picantes.
Devido aos efeitos da sedação, o paciente não pode dirigir veículos, assinar documentos legais, operar máquinas, consumir álcool e tomar decisões importantes por 24h após o exame. Em seguida, segundo o Dr. Flávio Braguim, se o indivíduo apresentar dor abdominal intensa, febre, vômitos persistentes ou sangue e fezes escuras ou com sangue, deve procurar atendimento médico imediatamente.
Por Vanessa Amarante