O presidente nacional do PT, Edinho Silva, foi o entrevistado do programa Dando a Real com Leandro Demori, da TV Brasil, exibido na noite desta terça-feira (26). Na conversa, destacou a trajetória de 45 anos do PT. “É certamente o maior partido de esquerda de fato da América Latina, um partido com 3 milhões de filiados. E certamente um dos mais relevantes hoje da esquerda mundial”, afirmou.

Edinho assumiu o cargo após Humberto Costa, que havia sucedido brevemente Gleisi Hoffmann, quando ela deixou o posto para comandar a Secretaria das Relações Institucionais da Presidência da República. Ele ressaltou o papel histórico de Gleisi nos últimos anos, ao conduzir a resistência durante o período mais duro de perseguições. “Na minha avaliação, é a maior dirigente da história do PT. O momento histórico que ela dirigiu o partido, foi a dirigente do PT no processo do presidente Lula preso, comandou o Lula Livre e depois comandou o Partido dos Trabalhadores na construção da eleição do presidente Lula em 22”.

O desafio de enfrentar o fascismo

O presidente do PT afirmou que a luta política atual vai além das disputas eleitorais. “Eu tenho dito que o desafio imediato do PT, que não é tão imediato, porque eu acho que é no mínimo é uma luta de médio prazo, é nós derrotarmos o fascismo no Brasil”. Para ele, Donald Trump é “o maior líder fascista do século XX”, que está “transformando El Salvador num campo de concentração”.

Segundo Edinho, a vitória de Lula em 2026 será decisiva não apenas para consolidar políticas públicas, mas também para enviar um recado ao mundo. “A reeleição do presidente Lula significa também nós dizermos não ao avanço do pensamento político fascista no Brasil”, declarou.

A nova geopolítica e os riscos de uma guerra econômica

Edinho analisou os efeitos da crise de 2008, que enfraqueceu a globalização e fortaleceu o nacionalismo xenófobo. Esse processo, disse ele, abriu espaço para pautas conservadoras em todo o mundo.

Na sua avaliação, Trump hoje está “semeando a terceira guerra mundial”. Não uma disputa bélica, mas econômica, ao impor tarifas e retaliações contra parceiros históricos como China, União Europeia, México e Brasil. “Evidente que ele vai desorganizar a economia mundial, vai provocar quebradeira em países que têm a economia mais frágil, menos diversificada, portanto vai aumentar a pobreza”.

O papel do Brasil e os interesses norte-americanos

O presidente do PT foi enfático ao afirmar que o Brasil não pode ser tratado como quintal dos Estados Unidos. Ele lembrou que as críticas de Trump ao BRICS e a retaliação econômica contra o país são, na prática, uma reação à força crescente do bloco e à defesa da soberania nacional feita por Lula.

“O Brasil não é um puxadinho dos Estados Unidos. Nós não formamos o quintal norte-americano. Nós somos um país, né? Um país que tem um povo soberano, é uma nação soberana. E nós lutamos muito pela nossa soberania.”

Ele também citou o incômodo das grandes corporações com o sucesso do Pix, que movimentou R$ 30 trilhões no último ano sem cobrar taxas, e destacou a importância estratégica das reservas brasileiras de terras raras, essenciais para a tecnologia do século XXI.

A postura de Bolsonaro

Durante a conversa, Edinho Silva criticou duramente a postura da família Bolsonaro, que se alinhou a Trump contra o Brasil. “É triste a gente ver a família Bolsonaro se prestando ao papel que estão se prestando, primeiro, de total submissão aos interesses americanos, trabalhando contra os interesses do Brasil. Isso é deplorável que nós tenhamos lideranças com votação expressiva, lideranças que têm reconhecimento do povo brasileiro, trabalhando contra o Brasil.”

Quanto à tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, o dirigente defendeu que as investigações devem ir até o fim. “Nós estamos falando de um presidente que, se caracterizado como tudo indica, participou da organização de uma tentativa de golpe e do planejamento de três assassinatos. Então não há outro caminho pro Brasil senão investigar, porque se nós não investigarmos e não punirmos de forma exemplar, a cada eleição que o Brasil passar, a força que perder vai se sentir no direito de organizar um golpe e de matar o adversário”.

O futuro do PT

Ao falar sobre os rumos do partido, Edinho defendeu a retomada da organização de base, aproximando-se das periferias, dos locais de trabalho e das novas formas de ocupação da classe trabalhadora, como motoristas de aplicativo e entregadores. Também apontou para a necessidade de enfrentar grandes temas contemporâneos, como a transição energética, a universalização da educação integral, a tarifa zero no transporte público e a redução da jornada de trabalho.

Para ele, o PT precisa dialogar com essa nova realidade sem perder sua história. “O partido não pode abrir mão do seu legado, do legado que nós construímos de termos um projeto de desenvolvimento nacional, como o presidente Lula luta para pôr em pé no Brasil”.

Ao longo da entrevista com Leandro Demori, Edinho Silva deixou claro que a luta política de hoje é, ao mesmo tempo, pela democracia, pela soberania nacional e pela construção de um futuro mais justo. Na sua visão, reeleger Lula é garantir que o Brasil siga no caminho correto, assegurando não só o presente, mas também o futuro das próximas gerações.

Da Redação

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Last Update: 27/08/2025