“Pela primeira vez, o estado brasileiro está atento ao problema causado pelas bets”, afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE), manifestando preocupação especialmente com as questões de saúde decorrentes da proliferação do negócio. “O governo tem acesso a dados claros sobre o número de apostadores, movimentação financeira e o perfil desses usuários, que serão compartilhados com o Sistema Único de Saúde para monitoramento de doenças em decorrência desses vícios”, complementou.
O parlamentar destacou que o aumento das despesas pessoais com jogos de azar está contribuindo para a pressão inflacionária e desestruturando a vida de milhões de brasileiros. Segundo informações do Ministério da Fazenda, somente no primeiro semestre deste ano, as bets faturaram R$ 17,4 bilhões no Brasil. Além disso, o senador apontou que o dinheiro aplicado em apostas, que somou R$ 68 bilhões entre junho de 2023 e junho de 2024, já representa quase 1% do consumo das famílias, comprometendo a aquisição de itens essenciais.
O senador também lembrou que a alta nas apostas já havia pressionado o IPCA-15 de julho, superando, pela primeira vez, o impacto da energia elétrica.
“Vejam a enorme gravidade e a virulenta ameaça que essas bets representam para a economia nacional e para as pessoas”, declarou o senador. Ele afirmou que a dependência em jogos de azar não é apenas um problema individual, mas um problema de saúde pública, pois está associada a depressão, ansiedade e aumento de tentativas de suicídio.
Humberto Costa é autor de projeto que combate o vício em jogos, para evitar o superendividamento das famílias. Entre outras medidas, a proposta impõe 21 anos como idade para acesso às plataformas de apostas online. O desafio é estar atento a essas ameaças sociais, que representam uma “inflação emocional e moral provocada pela exploração da vulnerabilidade das pessoas”.