O maior fundo soberano do mundo citou um “risco inaceitável” de violações de direitos ligados às demolições em Gaza e ao financiamento ilegal de assentamentos na Cisjordânia ocupada
O fundo soberano de US$ 2 trilhões da Noruega, o maior do mundo, anunciou que retirou a fabricante americana de equipamentos de construção e mineração Caterpillar e cinco bancos israelenses por seu envolvimento em violações de direitos em Gaza e na Cisjordânia ocupada.
Os bancos — Hapoalim, Leumi, Mizrahi Tefahot, First International Bank of Israel e FIBI Holdings — foram cortados depois que o Conselho de Ética do fundo alertou que eles representavam um “risco inaceitável” de permitir violações graves.
O Conselho disse que as máquinas da Caterpillar foram usadas pelas forças israelenses em “violações extensas e sistemáticas do direito internacional humanitário” por meio da destruição de propriedades palestinas.
Observou que a empresa não tomou medidas para impedir que seus equipamentos fossem usados em demolições.
“Como as entregas do maquinário relevante para Israel estão prestes a ser retomadas, o Conselho considera que há um risco inaceitável de que a Caterpillar esteja contribuindo para graves violações dos direitos individuais em situações de guerra ou conflito”, acrescentou o órgão.
A Caterpillar ainda não respondeu aos pedidos de comentários.
A mesma análise destacou o papel dos bancos israelenses na subscrição e financiamento da construção de assentamentos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental ocupada.
O Conselho disse que esses serviços financeiros eram “um pré-requisito necessário” para manter os assentamentos, que são ilegais segundo o direito internacional.
O Norges Bank Investment Management, que supervisiona o fundo, havia divulgado anteriormente que iria se desfazer de seis empresas ligadas à guerra de Israel em Gaza, mas adiou a divulgação dos nomes delas até que as participações fossem vendidas.
Os nomes das empresas excluídas foram revelados em 25 de agosto. No início de agosto, o fundo confirmou a exclusão de 11 empresas israelenses, após relatos de seu investimento na Bet Shemesh Engines – uma fabricante de motores a jato que presta serviços a aviões de guerra israelenses usados em Gaza.
Antes do desinvestimento, o fundo detinha uma participação de 1,17% na Caterpillar, avaliada em US$ 2,1 bilhões em 30 de junho, de acordo com dados do fundo.
O chefe do fundo, Nicolai Tangen, disse que as medidas foram tomadas em “circunstâncias excepcionais”, citando o agravamento da crise humanitária em Gaza e a deterioração das condições na Cisjordânia ocupada.
Ele disse que as exclusões também aliviam a carga de trabalho do Conselho de Ética, pois reduzem o número de empresas israelenses que ele deve monitorar.
Publicado originalmente pelo The Cradle em 26/08/2025