O presidente Donald Trump anunciou, na segunda-feira (25), a demissão de Lisa Cook, diretora do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos EUA, alegando suspeitas de fraude hipotecária e afirmando ter “justa causa” para afastá-la imediatamente. O anúncio, feito por carta e em postagens nas redes sociais, é inédito e provocou reação imediata de Cook, que afirma que a Casa Branca não tem autoridade para destituí-la.

Em declaração divulgada por seu advogado, Abbe David Lowell, Cook disse não reconhecer a legalidade do ato e rejeitou a renúncia: “O presidente Trump alegou ter me demitido ‘por justa causa’ quando não há justa causa prevista em lei, e ele não tem autoridade para fazê-lo. Não vou renunciar. Continuarei a cumprir meus deveres para ajudar a economia americana, como venho fazendo desde 2022“, afirmou.

Lowell prometeu “todas as medidas necessárias” para impedir o afastamento, que classifica como ilegal. A defesa sustenta que a lei do Fed limita a remoção de diretores e que o caso deve ser decidido nos tribunais.

Indicada em 2022 pelo então presidente Joe Biden, Lisa Cook é a primeira mulher negra no Conselho do Fed e integra o comitê que define a taxa básica de juros dos EUA. Seu mandato estatutário é longo, até 2038, justamente para blindar o colegiado de pressões políticas de curto prazo.

A justificativa da Casa Branca

Na carta enviada a Cook, Trump afirma basear-se no artigo 12 U.S.C. § 242, que autoriza a remoção de diretores do Fed “por justa causa”. Como justificativa, cita uma denúncia criminal apresentada em 15 de agosto por Bill Pulte, diretor da Agência Federal de Financiamento Habitacional (FHFA) e aliado político do presidente, ao Departamento de Justiça.

O documento alega falsidade em registros de hipotecas e serviu de base para Trump declarar que havia “motivos suficientes” para a demissão, com efeito “imediato”. Segundo a acusação, Cook teria declarado duas residências como “principal” em 2021, obtendo assim condições mais vantajosas em empréstimos. Ela nega qualquer irregularidade.

O episódio é inédito: nunca antes um presidente havia tentado afastar, de forma unilateral, um membro do Conselho de Governadores do Fed. Embora a lei mencione a possibilidade de remoção “por justa causa”, o conceito é considerado vago.

A expectativa é de uma batalha imediata nos tribunais. Em precedentes semelhantes, autoridades contestaram a ordem judicialmente e permaneceram no cargo até decisão definitiva.

Acompanhe as últimas notícias:

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 26/08/2025