Arquivo/Fernando Frazão/Agência Brasil

A cada nova pesquisa, a realidade se impõe: o saneamento básico ainda é um desafio gigante no Brasil. Segundo a PNAD Contínua, divulgada pelo IBGE, três em cada dez residências brasileiras não têm ligação com a rede geral de esgoto. Estamos falando de quase 23 milhões de lares sem um serviço essencial à saúde, à dignidade e à vida.

No Norte, por exemplo, apenas 31,2% dos lares estão ligados à rede geral de esgoto, e 36,4% recorrem a fossas rudimentares, valas ou até córregos para despejar seus resíduos. No campo, a exclusão é ainda mais gritante: só 9,4% dos domicílios rurais têm acesso ao esgotamento sanitário por rede geral.

E mesmo onde existe rede, nem sempre há tratamento: apenas 51,8% do esgoto produzido no país é tratado, segundo o Instituto Trata Brasil.

Privatização piora cenário

Diante desse cenário, é preciso fazer uma pergunta simples e urgente: Se a privatização tem como lógica o lucro e ela avança sem limites no setor de saneamento, quem vai levar esgoto e água tratada para onde não dá retorno financeiro?

A resposta, infelizmente, é: ninguém. A experiência mostra que, com a privatização, as empresas concentram investimentos nas áreas com maior capacidade de pagamento e retorno rápido. As regiões mais pobres, as periferias urbanas e as zonas rurais ficam em último plano, ou simplesmente são abandonadas.

É essa a lógica do mercado: serviço só para quem pode pagar.

Estado presente é condição para justiça social

O saneamento básico — água potável, esgoto tratado, coleta de lixo — não pode ser tratado como mercadoria. Trata-se de um direito humano fundamental, reconhecido pela ONU e garantido na Constituição brasileira como dever do Estado.

Se quisermos de fato mudar essa realidade — se quisermos que os 30% de domicílios sem esgoto deixem de ser invisíveis — o Estado precisa estar presente, com investimento público, planejamento de longo prazo e prioridade para quem mais precisa.

Privatização da Sabesp foi mais um passo na direção errada

No momento em que São sofre com a sanha privatista de Tarcísio de Freitas e com a privatização da Sabesp, os dados da PNAD escancaram o tamanho do risco:
➡️ entregar o saneamento à lógica do lucro significa abandonar milhões de brasileiros e brasileiras que vivem em áreas de “baixo retorno”;
➡️ significa agravar desigualdades regionais já profundas;
➡️ significa tratar a água e o esgoto como mercadoria, e não como direitos.

O Sintaema segue em luta contra a essa lógica e  reafirma: “Diante da atual onda de privatizações, precisamos ser claros: não há como garantir saneamento universal se o serviço for tratado como mercadoria. O que interessa ao mercado é o lucro rápido, e não o investimento em comunidades onde o serviço é mais caro e o retorno econômico é menor”.

Seguiremos lutando, ao lado da população trabalhadora, para que o saneamento continue público, universal e voltado ao bem comum — e não ao lucro de poucos.

✊🏽 Água é vida. Esgoto tratado é dignidade.
💧 Saneamento é direito, não privilégio.
🚫 Privatizar é retroceder.

 

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Last Update: 26/08/2025