O ex-presidente Jair Bolsonaro durante depoimento no STF. Foto: Antonio Augusto/STF

A poucos dias do início do julgamento do núcleo considerado crucial da trama golpista, uma nova pesquisa Genial/Quaest revelou que a maioria da população apoia a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL). O levantamento mostra que 55% dos entrevistados consideram justa a medida imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), enquanto 39% a classificam como injusta e 6% não souberam responder.

Além disso, mais da metade dos brasileiros (52%) acredita que o ex-presidente participou da tentativa de golpe após a eleição de 2022, percentual que vinha crescendo desde dezembro do ano passado, quando era de 47%.

Segundo o estudo, divulgado ontem, os eleitores “nem-nem”, que não se identificam nem com a esquerda nem com a direita, foram decisivos para essa avaliação desfavorável a Bolsonaro. Em dezembro de 2023, 45% desse grupo enxergavam participação do ex-mandatário no plano golpista. Agora, o índice subiu para 58%.

Entre os mesmos eleitores, 60% consideram justa a prisão domiciliar contra 38% que a veem como injusta. Lulistas reforçaram ainda mais a percepção negativa sobre Bolsonaro, enquanto seus apoiadores ampliaram a blindagem ao líder, mas não conseguiram reverter a tendência.

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Outro dado relevante do levantamento trata das chamadas de vídeo feitas por Bolsonaro durante atos em 3 de agosto, episódio que levou ao endurecimento das medidas cautelares. Para 57% dos entrevistados, a participação foi proposital e buscou provocar Moraes, enquanto 30% acreditam que ele não compreendeu as restrições impostas.

A ampla maioria da população (86%) já sabe que o julgamento de Bolsonaro terá início em 2 de setembro no Supremo Tribunal Federal (STF). Há cinco sessões reservadas na Primeira Turma, com possibilidade de extensão até 12 de setembro.

Nos bastidores da Corte, calcula-se que o voto do relator, Alexandre de Moraes, seja lido em 9 de setembro, após as sustentações da Procuradoria-Geral da República (PGR) e das defesas dos oito réus.

A prisão domiciliar foi decretada em 4 de agosto após Bolsonaro descumprir medidas ligadas ao uso de redes sociais. A Polícia Federal destacou em relatório que a decisão está associada às tentativas de obstrução das investigações, que envolvem também a atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no exterior.

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De acordo com mensagens recuperadas no celular apreendido do ex-presidente, ele discutiu estratégias para articular sanções estadunidenses contra ministros do STF. As provas coletadas resultaram no indiciamento de Bolsonaro e de seu filho. O inquérito aponta, ainda, que o ex-presidente buscou aconselhamento com um advogado ligado a Donald Trump para moldar publicações em redes sociais.

A Procuradoria-Geral da República deve se manifestar até amanhã sobre o descumprimento das cautelares. A defesa de Bolsonaro insiste que ele não violou nenhuma regra, nega planos de fuga e acusa a PF de praticar lawfare. Os advogados sustentam que Bolsonaro “jamais esteve proibido de usar WhatsApp, de trocar mensagens e de se manifestar”. O argumento remete ao mesmo tipo de alegação usado por aliados de Lula durante processos da Operação Lava Jato.

Outro ponto abordado pela pesquisa foi a aplicação da Lei Magnitsky, do governo estadunidense, contra Moraes. Para 49%, a medida é injusta; já 39% a consideram adequada. O tema se torna mais polêmico ao tratar de um eventual impeachment do ministro: 46% são favoráveis e 43% contrários, caracterizando empate técnico dentro da margem de erro.

A sondagem reforça que, apesar de divisões, cresce a percepção de que Bolsonaro não apenas descumpriu medidas judiciais, mas também teve participação direta na tentativa de golpe.

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Last Update: 26/08/2025