Um estudo epidemiológico conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que a juventude brasileira enfrenta um risco alarmante de morte por violências e acidentes, independentemente da região do país. A análise, baseada em dados do Sistema Único de Saúde (SUS) e do IBGE, mostrou que o fator etário tem mais peso do que o local de residência quando se trata de vulnerabilidade a esses tipos de ocorrência.

De acordo com o levantamento, jovens de 15 a 29 anos registram taxas de mortalidade por causas externas (como homicídios e acidentes) significativamente superiores à média nacional. No período de 2022 a 2023, 65% das mortes de pessoas nessa faixa etária foram provocadas por causas externas — um total de 84.034 óbitos entre os 128.826 registrados no grupo. A taxa geral de mortalidade juvenil por essas causas é de 185,5 a cada 100 mil habitantes, contra 149,7 da população em geral. Entre jovens de 20 a 24 anos, a taxa sobe ainda mais: 218,2.

Em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, os índices de mortalidade juvenil por violência e acidentes superam os da população total. Em estados como a Paraíba, essa diferença chega a 90%. Os homens jovens são as principais vítimas, especialmente em acidentes de transporte envolvendo motocicletas — presentes em mais da metade dos casos fatais. Já as armas de fogo são a principal causa de mortes violentas entre jovens, tanto do sexo masculino quanto feminino.

Violência física

A pesquisa, publicada no 1º Informe Epidemiológico sobre a Situação de Saúde da Juventude Brasileira: Violências e Acidentes, também detalha os tipos de violência mais frequentes entre os jovens. A agressão física lidera com 47% dos registros, seguida pela violência psicológica/moral (15,6%) e sexual (7,2%). A idade da vítima influencia o tipo de violência sofrida: os mais jovens enfrentam mais violência física, enquanto os mais velhos são mais afetados pela psicológica.

Outro dado preocupante é a proporção de mortes causadas por ações policiais, classificadas como “intervenção legal”. Elas representam 3% dos óbitos por causas externas entre os jovens, taxa três vezes maior do que a observada na população geral (1%).

Riscos

Os estados das regiões Norte e Nordeste concentram os maiores riscos de morte por violências e acidentes entre jovens. Destaque para o Amapá, onde a taxa entre jovens de 20 a 24 anos chega a 447 por 100 mil habitantes, e a Bahia, com 403 na mesma faixa etária. As maiores taxas gerais de violência juvenil foram registradas no Distrito Federal (696,1 por 100 mil), Espírito Santo (637,8), Mato Grosso do Sul (629,5) e Roraima (623,5). Para efeito de comparação, a média nacional é de 250,6 por 100 mil habitantes.

O coordenador da Agenda Jovem Fiocruz (AJF), André Sobrinho, destaca a importância de olhar para a juventude de forma segmentada. “No curso da vida juvenil, as questões de saúde, incluindo as violências, incidem de maneira diferente se a pessoa jovem está no início, no meio ou no fim desse ciclo. É fundamental identificar, portanto, as necessidades em saúde mirando as distintas subfaixas de idade”, afirmou.

O estudo foi conduzido pela Agenda Jovem Fiocruz (AJF) em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), e levanta um alerta para a urgente necessidade de ações integradas de prevenção e proteção voltadas à juventude brasileira.

*Com informações da Fiocruz.

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Last Update: 25/08/2025