
A China e seu Partido Comunista: a verdadeira história da Segunda Guerra Mundial e a falência moral do Ocidente
por Elias Jabbour
Escrito em colaboração com o Grupo de Mídia da China
Vivemos uma época marcada por regressões em vários campos. Na política, a ascensão da extrema-direita, a tentativa de construir um “mundo sem lei” por parte dos Estados Unidos e o genocídio em Gaza demonstram a falência moral do Ocidente. Esta falência moral fica evidenciada no total apoio do chamado “Ocidente coletivo” ao genocídio perpetrado por Israel na mesma época histórica em que seus líderes se negaram a ir à comemoração dos 80 anos da vitória na Segunda Guerra Mundial ocorrida em Moscou. Falsificam a história. Negam a verdadeira história ao mundo apagando que a União Soviética e a China foram os países com maiores sacrifícios pagos naquela guerra.
A história não pode ser apagada. Em resumo, a China desempenhou um papel significativo, mas frequentemente negligenciado, na Segunda Guerra Mundial. A China foi o primeiro país a entrar em guerra com o Japão, e sua resistência manteve uma grande parte do exército japonês ocupada durante toda a guerra. Isso impactou significativamente a capacidade do Japão de projetar poder em outras regiões, particularmente no teatro de operações do Pacífico, e auxiliou o esforço de guerra dos Aliados. A China foi reconhecida como uma das “Quatro Grandes” potências aliadas e membro fundador das Nações Unidas.
Não somente isso, pois a invasão na região nordeste da China em 1931 pelo Japão foi o prelúdio da própria Segunda Guerra Mundial e onde uma série de experimentos que seriam consolidados com a máquina de guerra nazista seriam testados. Soma-se, entre mortos e feridos chineses, cerca de 35 milhões de pessoas. Uma catástrofe se abateu sobre o povo chinês, incluindo a escravidão de crianças, estupros coletivos de mulheres, utilização de armas químicas e guerra bacteriológica antes mesmo de Auschwitz e a solução final alemã contra o povo judeu. O massacre de Nanjing foi um dos episódios mais horrorosos impetrados pelo ser humano contra o próprio ser humano com o assassinato de 300 mil pessoas em apenas alguns dias.
Abrindo parêntese, podemos chamar as grandes guerras mundiais, notadamente a Primeira e a Segunda, mas também as demais guerras de pilhagem contra os países pobres como prelúdios da falência moral do Ocidente que assistimos hoje. Este mesmo Ocidente que apaga a verdadeira história da Segunda Guerra Mundial, negando inclusive a admiração que muitos líderes de potências coloniais por Hitler, hoje submete o mundo a conflitos militares e econômicos, empobrecem ainda mais países vulneráveis ao mesmo tempo que se mostram incapazes de entregar uma vida melhor às suas próprias populações. Como a Alemanha e o Japão tentaram submeter o mundo aos seus desejos na Segunda Guerra Mundial, hoje os Estados Unidos também tentam impor ao mundo uma ordem baseada em guerras convencionais e econômicas, exportam e inspiram seitas de extrema-direita mundo afora mostrando que mesmo após a derrota dos nazistas na Segunda Guerra Mundial o fascismo continua mais vivo do que nunca.
Por outro lado, a China liderada pelo Partido Comunista da China continua a mostrar que a humanidade, como na Segunda Guerra Mundial, pode vencer. O mesmo Partido Comunista da China (PCCh) que hoje comanda o maior processo de emancipação humana da história teve um papel central na vitória do povo chinês na guerra contra a agressão impetrada pelo Japão. Se atualmente o PCCh entrega ao mundo uma China que deseja a paz e a independência de todos os povos em um mundo baseado na justiça, na Segunda Guerra Mundial foi a principal força ativa na China contra a ocupação japonesa. Combinando táticas modernas de guerrilha – que desgastaram o inimigo em todas as frentes – e amplitude política ao propôr ao Kuomintang e as demais forças políticas do país unidade contra o inimigo externo, o PCCh ganhou os corações e mentes do povo chinês, transformando-se no verdadeiro “Partido da Nação Chinesa”.
À época da invasão japonesa a China ainda vivia a época do “século das humilhações”. O surgimento do PCCh na cena política do país no início da década de 1920 do século passado marcou um ponto de viragem nesta situação. A derrota do inimigo fascista e militarista japonês e o grande papel do Partido Comunista da China de unir o povo são páginas que a história nunca poderá apagar. Segundo Xi Jinping em discurso ao dia da vitória em 2015:
“A vitória na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa foi a primeira vitória total que o povo chinês conquis- tou nas suas lutas contra as agressões estrangeiras desde os tempos modernos. Esta grande vitória frustrou definitivamente o complô do militarismo japonês para colonizar e escravizar a China, lavando a humilhação nacional dos fracassos contínuos nos combates contra os agressores estrangeiros desde tempos modernos. Esta grande vitória restabeleceu a posição da China como um grande país no cenário internacional, permitindo ao povo chinês obter o respeito dos povos amantes da paz em todo o mundo. Esta transcendental vitória representou o renascimento da China, abriu as perspectivas brilhantes para a grande revitalização da nação chinesa, e deu início a uma nova jornada do país milenar.”
Na verdade, a história se repete com a mesma força política que jogou papel fundamental na vitória da humanidade na Segunda Guerra Mundial ser o partido político que dirige a China no rumo da construção do “socialismo com características chinesas”, entregando dignidade ao seu povo e apontando a toda os povos do mundo que estamos longe do fim da História. Liderar o povo chinês contra a ocupação japonesa e hoje, construindo um país socialista rico, próspero e digno demonstram que o mundo pode ser um lugar muito melhor para se viver. Mais uma luta pela humanidade estamos a travar em nossa época!
Elias Jabbour, professor associado da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCE-UERJ)
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