O ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal durante análise da denúncia da PGR sobre a trama golpista. Foto: Fellipe Sampaio/STF

Um relatório da Polícia Federal (PF), produzido com base em dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), revelou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) movimentou cerca de R$ 44,3 milhões em pouco mais de dois anos. Os valores variam de grandes transferências a pequenos depósitos via Pix, modalidade que representou parte significativa dos créditos em suas contas.

De acordo com a investigação, o Partido Liberal (PL), legenda de Bolsonaro, foi o principal responsável por transferências ao ex-presidente. Entre 1º de março de 2023 e 5 de junho de 2025, o partido depositou R$ 1.111.651,38 nas contas de seu filiado mais ilustre. Somente no primeiro semestre de 2025, o valor chegou a R$ 398.683,44, configurando o período de maior repasse.

O segundo maior valor registrado no relatório partiu do centro oncológico Onco Star SP, da Rede D’Or São Luiz, que transferiu R$ 50 mil. A unidade médica, localizada na zona sul de São Paulo, informou que a quantia se referia à devolução de caução paga por Bolsonaro durante uma internação.

Entre os demais depositantes identificados pela PF estão empresários e empresas do agronegócio e da indústria farmacêutica. O empresário Rogério Martins Beti, de São Paulo, repassou R$ 34.681,14. Já José Alves Filho, sócio da farmacêutica Vitamedic, sediada em Anápolis (GO), enviou R$ 19.001,00.

Outro valor destacado foi de R$ 14.132,00, oriundo da empresa Shoppinteligente, administrada por Marcos de Oliveira, do interior paulista.

Veja os 10 maiores doadores de dinheiro a Bolsonaro: 

1. PL – R$ 1.111.651,38;
2. Onco Star SP (empresa do setor da saúde, da Rede D’Or São Luiz) – R$ 50 mil;
3. Rogério Martins Berti (empresário do agronegócio, de SP) – R$ 34.681,14;
4. José Alves Filhos (sócio da farmacêutica Vitamedic, de GO) – R$ 19.001,00;
5. Marcos C. de Oliveira Venda (empresa Shoppinteligente, varejista de material elétrico, de SP) – R$ 14.132,00;
6. José Luiz Calheiros de Albuquerque – R$ 10.138,30;
7. Pedro R. Antunes Freitas – R$ 9.938,71;
8. João Bosco Jofre (de SP) – R$ 9.001,00;
9. Sérgio Cardoso de Almeida Neto (empresário do setor imobiliário, de SP) – R$ 4.900,00;
10. Sérgio Cardoso de Almeida Filho (empresário do agronegócio, de SP) – R$ 4.900,00.

Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, presidente do PL. Foto: reprodução

A maior concentração de depósitos ocorreu entre março de 2023 e fevereiro de 2024, quando Bolsonaro recebeu mais de R$ 30 milhões. O segundo maior período de movimentações foi entre 20 de dezembro de 2024 e 5 de junho de 2025, com créditos que somaram R$ 11,1 milhões.

Do total de R$ 44,3 milhões, aproximadamente R$ 20,7 milhões foram recebidos via Pix. Em meados de 2023, apoiadores do ex-presidente organizaram uma vaquinha online para custear despesas processuais, o que pode explicar parte do montante arrecadado.

As movimentações, porém, levantaram suspeitas de lavagem de dinheiro. O relatório do Coaf apontou transferências consideradas atípicas, principalmente envolvendo Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Entre setembro de 2023 e junho de 2025, Eduardo recebeu R$ 4,16 milhões e transferiu praticamente o mesmo valor: R$ 4,14 milhões.

A principal origem desses recursos foi o próprio ex-presidente, que destinou R$ 2,1 milhões ao filho. Eduardo também recebeu R$ 683.600 da empresa Eduardo B Cursos, administrada por ele e sua esposa, Heloísa Bolsonaro. Parte dos valores teria sido destinada a operações de câmbio, o que chamou a atenção dos investigadores.

Os dados enviados pela PF ao Supremo Tribunal Federal (STF) estão anexados ao inquérito que apura crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Além de Bolsonaro, o relatório cita Eduardo como alvo direto das suspeitas, ampliando o cerco às movimentações financeiras do clã.

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Last Update: 23/08/2025