O cardeal Zuppi

O cardeal Matteo Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana, liderou uma vigília de oração na véspera da Festa da Assunção, lendo o nome de cada criança morta desde o início do conflito entre Israel e Hamas, há dois anos.

“Pronunciamos seus nomes um a um”, afirmou Zuppi no início da cerimônia. “Eles nos pedem que busquemos, com mais inteligência e dedicação, o caminho da paz, começando por um cessar-fogo e criando condições para isso — da libertação de reféns a evitar que um povo inteiro seja feito refém.”

Durante o ato, Zuppi revezou-se com membros de sua diocese na leitura dos nomes e idades das 16 crianças israelenses mortas no ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 e das 12.211 crianças palestinas mortas após a ocupação de Gaza até 25 de julho de 2025.

Os dados vieram do governo israelense e do Ministério da Saúde de Gaza. A lista ocupava 469 páginas e levou cerca de sete horas para ser lida, do início da tarde até a noite.

A vigília ocorreu no parque de Monte Sole, em Marzabotto, próximo à diocese de Zuppi, nas ruínas da Igreja de Casaglia, em Bolonha, destruída pelos nazistas entre 29 de setembro e 5 de outubro de 1944, quando quase 800 pessoas, incluindo crianças, foram mortas.

“Este é um lugar de dor e de memória para todas as vítimas”, disse o cardeal.

O evento foi organizado pela comunidade monástica Pequena Família da Anunciação, responsável pela preservação das ruínas e da memória do massacre, em parceria com a Escola de Paz de Monte Sole, dedicada à promoção da tolerância.

“É uma oração insistente para que a guerra termine, para que as armas se calem e a humanidade prevaleça”, acrescentou Zuppi.

O cardeal, escolhido pelo Papa Francisco como enviado especial para negociações de paz na Ucrânia, já atuou em missões de mediação e na troca de reféns entre Rússia e Ucrânia. No conclave que elegeu o Papa Leão XIV, foi apontado como um dos papáveis.

Nas últimas semanas, líderes católicos têm intensificado apelos pelo fim da guerra em Gaza, em meio à escalada de mortes e à fome no enclave. A União Internacional das Superioras Gerais convocou, em 4 de agosto, um dia de jejum e oração “por justiça e reconciliação”.

O Patriarca Latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, declarou durante missa em 15 de agosto, na Abadia Beneditina de Abu Gosh: “O sangue dos inocentes em Gaza e no mundo não é esquecido.”

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Last Update: 23/08/2025