ChatGPT, da OpenAI. Foto: Reprodução

Um setor diferente de redes neurais, inteligência artificial (IA) e armazenamento em nuvem cresce de forma acelerada no subsolo do Vale do Silício. O motivo são os próprios executivos das gigantes de tecnologia, que passaram a se preocupar com um possível “apocalipse da IA”, cenário em que máquinas assumiriam o poder e colocariam em risco a sobrevivência humana. Com informações de João Pedro Adania, no Estadão.

Alguns desses bilionários já encomendaram bunkers de luxo e estocaram itens como ouro, sal e outros suprimentos, para garantir proteção caso percam o controle da tecnologia.

Sam Altman, CEO da OpenAI, por exemplo, possui um refúgio na Nova Zelândia para situações extremas. A preocupação não atinge apenas os grandes nomes: Henry, jovem pesquisador de IA em um laboratório de segurança, doa parte do salário a ONGs e também constrói abrigos biológicos caseiros para proteger a família.

Segundo ele, montar um bioshelter é relativamente simples. Basta adquirir uma tenda pressurizada, instalar filtros de ar do tipo HEPA e abastecer o espaço com água, alimentos não perecíveis e suprimentos básicos. Henry calcula que gastará menos de US$ 10 mil para manter comida suficiente para três anos.

Apesar de carregar o estigma de “prepper”, termo usado para quem se prepara para catástrofes, Henry não está sozinho. A prática já se tornou comum entre executivos de tecnologia, que preferem investir alto para garantir um “plano B”.

Em 2016, uma reportagem da revista “New Yorker” revelou que Altman mantinha estoques de armas, ouro, antibióticos, água, baterias e máscaras de gás em um refúgio em Big Sur, na Califórnia. Ele disse, na época, que se preparava tanto para o risco de um vírus letal quanto para o surgimento de uma IA fora de controle.

Anos mais tarde, já à frente da OpenAI e com o ChatGPT consolidado, Altman declarou que não era um “planejador do fim do mundo” nos moldes tradicionais, afirmando que nenhum bunker seria suficiente caso uma inteligência artificial geral se tornasse hostil.

Mesmo assim, os planos de emergência seguem comuns no Vale do Silício. Larry Page, cofundador do Google, e Peter Thiel, do PayPal e da Palantir, compraram terras na Nova Zelândia para se abrigar. O próprio Altman já afirmou que, em caso de colapso, voaria para o refúgio de Thiel.

O bilionário Elon Musk. Foto: Peter Parks/AFP

Elon Musk também vê a IA como ameaça e descreve a colonização de Marte como essencial para garantir a sobrevivência da humanidade. Já Eric Schmidt, ex-CEO do Google, alertou que a tecnologia pode representar um “risco existencial”, capaz de causar a morte de milhões.

Esse clima de incerteza alimenta um mercado lucrativo. A expectativa é que o setor de bunkers movimente US$ 175 milhões em 2030, contra US$ 137 milhões em 2024. Empresas como Atlas Survival Shelters e Rising S relatam aumento significativo nas vendas, principalmente para clientes do setor tecnológico.

Os valores variam conforme o tamanho e o luxo das instalações, podendo chegar a US$ 9,6 milhões. Alguns bunkers ultrapassam 600 m² e incluem piscinas, pistas de boliche, banheiras de hidromassagem, entradas biométricas e até salas de pole dance.

Até mesmo antigos bunkers da Guerra Fria ganharam nova função. A empresa Vivos, da Califórnia, transforma antigos abrigos militares em apartamentos subterrâneos de alto padrão, vendidos como verdadeiros “resorts em miniatura”.

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Last Update: 21/08/2025