Trump desencadeou uma série de medidas contra o Brasil e a América Latina. Primeiro, o tarifaço, com taxas altíssimas e justificativas políticas: garantir impunidade a Bolsonaro e aos golpistas. Depois, a sanção contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. E, mais recentemente, deslocou navios de guerra para a Venezuela.

Ao mesmo tempo, Trump busca proteger os lucros das big techs e dos bancos, enquanto promove uma tentativa de ingerência nas instituições brasileiras.

As tarifas são uma agressão econômica e política, para garantir os interesses dos monopólios dos EUA e proteger seu aliado político no Brasil. As estimativas mais baixas dão conta de que 700 mil empregos podem ser extintos com o embargo de Trump, sem falar na inflação. Ou seja, é um duro golpe do imperialismo para, além de proteger seu aliado, aumentar a exploração em cima da classe trabalhadora brasileira.

Já a sanção contra Alexandre de Moraes, via Lei Magnitsky, é uma tentativa descarada de forçar o Judiciário a não punir os golpistas do “8 de janeiro”.

Defender a soberania do país e lutar contra a exploração

O Congresso Nacional, o Executivo, enfim, todas as instituições dessa democracia burguesa, incluindo o STF, não têm nada de bom para oferecer aos trabalhadores. Representam os interesses das classes dominantes e promovem uma série de ataques contra os trabalhadores.

Diante dessas agressões de Trump, não se trata de defender ou concordar com as instituições brasileiras. Mas, sim, de defender que o Brasil não seja tutelado e controlado diretamente por uma nação estrangeira e, também, impedir o aprofundamento da espoliação sobre os trabalhadores.

Os EUA são uma potência que enriqueceu explorando, saqueando e dominando países e povos pelo mundo. Isto também transforma as ações de Trump num grave atentado contra a pouca independência e soberania do Brasil.

Afinal, de fato, quem domina a economia do Brasil são, principalmente, as multinacionais dos EUA, garantindo que os lucros, fruto da exploração das nossas riquezas, acabem no bolso de bilionários estadunidenses. Mas, esta dominação dos EUA foi sempre apoiada e mantida em aliança com a burguesia brasileira.

Submissão dos bancos

No segundo trimestre de 2025, os cinco maiores bancos brasileiros lucraram cerca de R$ 28 bilhões. Apesar desse lucro gigantesco, à custa do mecanismo da dívida que desvia recursos públicos para os banqueiros e taxas de juros escorchantes em cima do povo, há uma certa preocupação no mercado financeiro.

Os EUA sancionaram o ministro Alexandre de Moraes, como forma de pressionar o Judiciário a não investigar a tentativa golpista de Bolsonaro. No entanto, Flávio Dino, ministro do STF, afirmou que os bancos brasileiros não podem cumprir a decisão dos EUA em congelar as contas de Alexandre de Moraes sem antes passar pelo STF. Enquanto isso, o governo dos EUA reafirma que “nenhum tribunal estrangeiro pode invalidar as sanções dos Estados Unidos — ou poupar alguém das consequências graves de violá-las”. Ou seja, está em questão quem manda no sistema financeiro brasileiro.

Os bancos têm que decidir se obedecem aos EUA, e congelam as contas de Moraes, ou se obedecem ao STF. Se não obedecerem aos EUA, poderão tomar pesadas sanções, enfrentando problemas sérios para acessar o mercado dos EUA e mundial. Mas, se sancionarem, enfrentarão possibilidades de multa do STF.

Diante disto, analistas do mercado já dizem que provavelmente os banqueiros obedecerão aos EUA, porque é mais barato pagar a multa do STF do que a sanção dos EUA.

Isso prova que o lucro é o que move os capitalistas. Os banqueiros lucram bilhões com os juros da dívida pública, uma das maiores do mundo, garantidos através do Arcabouço Fiscal do governo Lula.

Ainda assim, extorquem o povo com taxas e juros que ultrapassam os 400%. E não estão nem aí com o país, com a nossa soberania ou com a independência nacional. O mercado financeiro brasileiro quer obedecer às leis dos EUA, mostrando a subserviência da burguesia brasileira. Mas também escancarando, na prática, o real significado da dominação econômica imperialista que os EUA exercem sobre o mundo.

O governo Lula e a conciliação

Em vez de enfrentar o imperialismo, Lula e sua equipe econômica procuram conciliar. Chegaram ao ponto de sugerir, junto com os bancos, que ministros do STF abram conta em cooperativas de crédito, para que os bancos possam obedecer às ordens dos EUA.

Diante do tarifaço de Trump, a resposta foi ainda mais vergonhosa: nenhum tipo de retaliação, apenas um pacote de bondades para os grandes empresários, com acesso a dinheiro público e subsídios, sem qualquer garantia de emprego ou salários para os trabalhadores.

Isso ainda se soma ao Arcabouço Fiscal e aos cortes no Benefício de Prestação Continuada (BPC), na Saúde e na Educação.

Por isso, não basta lamentar ou esperar que os EUA “não escalem o conflito”. É preciso exigir medidas concretas:

• Retaliar as tarifas! Não cumprir as sanções dos EUA!
• Nenhum emprego e direito a menos! As empresas exportadoras que demitirem devem ser estatizadas e colocadas sob controle operário!
• Fim do Arcabouço Fiscal, suspensão da dívida e proibição da remessa de lucros aos bancos e empresas transnacionais dos EUA!
• Nacionalização dos bancos e do sistema financeiro sob controle dos trabalhadores!

Para garantir isso, os trabalhadores devem estar à frente do embate com os ataques do imperialismo, de forma independente do governo e dos patrões, e aliando a luta por soberania à luta contra o Arcabouço Fiscal e pelas suas reivindicações: a garantia dos empregos, o fim da escala 6×1, terra, salário, direitos e renda.

Fora militares dos EUA da América Latina!

Enquanto isso, Trump está reforçando a pressão militar. Esta semana, três destróieres, com mais de 4 mil soldados, foram deslocados para a costa venezuelana. Trump já assinou ordens secretas, no Pentágono, autorizando o uso de força na América do Sul sob o pretexto de “combate ao narcotráfico”. Pura desculpa para ampliar a ingerência econômica e política, através de uma pressão militar.

Sempre fomos oposição ao chavismo e ao governo Maduro, que representam uma ditadura capitalista contra os trabalhadores. Mas, isso não dá aos EUA o direito de atacar em nome dos seus interesses imperialistas. A defesa da soberania contra o imperialismo é central.

Os trabalhadores devem responder, denunciando e exigindo: “Fora os soldados dos EUA da América Latina! Nenhuma intervenção imperialista!”

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Last Update: 21/08/2025