
A Polícia Federal encontrou no celular de Jair Bolsonaro arquivos que, segundo os investigadores, mostram que o ex-presidente teve acesso antecipado à defesa do general Mário Fernandes, militar investigado na trama golpista e autor de um documento que detalhava um plano para assassinar autoridades, com informações da Folha de S.Paulo.
Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) já foram indiciados pela PF sob acusação de tentar obstruir o julgamento do caso no Supremo Tribunal Federal (STF). O relatório final da investigação foi encaminhado à Corte na sexta-feira (15).
O relatório afirma que Bolsonaro teve contato com a defesa de Fernandes em 30 de dezembro de 2024, um dia antes de os advogados protocolarem oficialmente a peça no STF.
Segundo a PF, o arquivo de 16 páginas foi salvo no celular de Bolsonaro em 30 de dezembro e tem conteúdo praticamente idêntico ao de uma petição de agravo regimental protocolada no dia seguinte, no processo PET 13.236/DF.
O relatório acrescenta que o número de páginas da peça judicial é o mesmo do arquivo em formato digital localizado no aparelho do ex-presidente.

Ex-assessor de Bolsonaro no Palácio do Planalto, Mário Fernandes foi preso acusado de elaborar o chamado plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa ataques contra o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Em sua defesa no STF, o general alegou que o texto era apenas um “pensamento digitalizado”, sem intenção de execução.
Para a PF, o envio antecipado de documentos de defesa a Bolsonaro demonstra a continuidade da ligação entre os investigados, mesmo após a imposição de medidas cautelares, evidenciando a existência de uma estrutura hierárquica e coordenada.