O PSTU é um partido conhecido por sua intransigente defesa dos interesses imperialistas no Brasil. Dentre as inúmeras façanhas dos morenistas, está o apoio ao golpe de Estado que destituiu Dilma em 2016, o apoio ao golpe no Egito que derrubou o governo da Irmandade Muçulmana e levou à ditadura militar aliada de “Israel” que governa o país hoje, apoiou também o golpe na Ucrânia de 2014, que levou ao governo nazista de Zelenski e, no final do ano passado, apoiou a investida imperialista – com apoio direto de “Israel” no meio do genocídio em Gaza – contra o governo de Bashar Al-Assad na Síria, que levou a um governo favorável para os interesses do imperialismo na região e que promoveu inúmeros massacres contra a própria população desde então.

No entanto, nenhum erro é capaz de fazer o partido recalcular a rota e se afastar da política imperialista. É assim que chegamos à matéria que analisaremos hoje, na qual o PSTU apoia, mais uma vez, a censura na internet. Cabe lembrar, que isso ocorre mais uma vez em meio ao avanço do imperialismo contra as liberdades democráticas da população brasileira, muito por conta da exposição que o genocídio em Gaza vem tendo na internet, o que denuncia a política nazista dos sionistas contra os palestinos.

A matéria tem como tema “Manual de instruções para vender uma criança” e trata da política apoiada por toda a burguesia, incluindo a Rede Globo, a Folha de São Paulo e o Estadão, contra o que vem sendo chamado de “adultização”, após um vídeo de mesmo nome publicado pelo até então humorista do Youtube, Felca.

A matéria começa com:

O documentário Adultização produzido pelo youtuber Felca desencadeou um terremoto digital e político. Mergulhando nas profundezas das redes sociais, ele mostra como crianças e adolescentes são explorados, sexualizados e transformados em mercadoria por pais, influenciadores e plataformas digitais. A repercussão foi imediata: perda de contas em redes sociais, investigações e muita indignação.

O parágrafo é tão surreal que fica difícil saber se realmente os membros do PSTU, que se diz revolucionário e trotskista, realmente acreditam no que está escrito, ou se é puro charlatanismo político. Quer dizer então que um vídeo que alcança tanta repercussão dentro dos meios de comunicação da burguesia é realmente algo espontâneo? A Rede Globo, que até agora escondeu todo o genocídio em Gaza que tem como foco principal as crianças, está preocupada com as crianças após um vídeo de um influenciador que até outro dia era um humorista?

É interessante como o PSTU trata como positivo algo que envolva a polícia, que, em tese, é um inimigo natural de todos os revolucionários do mundo. O partido trata como algo positivo que um movimento deste tamanho da burguesia gere “perda de contas em redes sociais, investigações e muita indignação.”.

Na sequência, após a imprensa silenciadora do genocídio contra as crianças palestinas, é a vez dos deputados da direita, que também fingem que o genocídio não está acontecendo, e que tratam as crianças brasileiras como lixo, negando hospitais, creches, escolas e todos os meios necessários para uma vida digna, se transformarem em pessoas preocupadas com as crianças na internet:

O vídeo não apenas viralizou, invadiu a política institucional. Parlamentares reagiram com declarações inflamadas. O presidente da Câmara, Hugo Motta, afirmou que vai pautar projetos relacionados ao tema. Mas, enquanto o debate se perde entre moralismos seletivos e promessas de “proteção”, o que quase ninguém diz é o óbvio: a exploração da imagem infantil não é um desvio do capitalismo digital — é uma de suas engrenagens mais lucrativas.

Nesse momento, para o PSTU, não existe mais direita nem extrema direita no país. Não existe burguesia e nem mesmo existe o Partido dos Trabalhadores, grande vilão do país segundo os morenistas. Todos estão unidos em uma grande causa, a proteção das crianças na internet. O único problema, segundo a matéria, é que a exposição de crianças na internet seria extremamente lucrativa, o que não vinha sendo denunciado por ninguém.

Ou seja, o que o PSTU pretende é não só apoiar a burguesia em sua cruzada contra a liberdade de expressão para impedir, justamente, que conteúdos que denunciem os massacres de crianças apareçam para a população. O que o partido promete é ser a ala mais radical dessa cruzada, posição que já adotou inúmeras outras vezes, como no caso já citado do golpe de 2016, em que o PSTU tentava aparecer como os mais radicais entre os golpistas, que não queriam somente o “Fora Dilma”, mas o “Fora Todos”.

No entanto, a política não acontece da forma como o PSTU pensa. Apoiar a política da burguesia não levará ao fim da exploração infantil, nem na internet, nem fora dela, mas acontecerá exatamente como aconteceu com o “Fora Todos”. Ou seja, após a burguesia conseguir o que deseja, os mais prejudicados serão justamente as crianças, pois esse é justamente o objetivo da censura, proteger a polícia matando as crianças nos bairros pobres e proteger os israelenses matando crianças na Palestina. Não adianta dizer que a política do PSTU iria além, pois não irá além de forma alguma, já que, após a queda de Dilma, todos ficaram, menos a presidenta do PT e a palavra de ordem do PSTU foi engavetada para nunca mais ver a luz do dia.

O PSTU, no entanto, continua, mostrando que sua política realmente vai além, não só contra a exposição dos corpos das crianças na internet, o que o vídeo de Felca “denuncia”, mas se colocando contra qualquer tipo de conteúdo em que as crianças possam aparecer, o que inclui a religião, canais educativos, danças etc:

No Brasil, ela se disfarça de entretenimento familiar, de carreira promissora e até de missão religiosa. A vitrine é variada: dancinhas, pregadores mirins, canais “educativos” que ensinam crianças a vender sonhos para outras crianças. A lógica é sempre a mesma: transformar a infância em um produto maleável, pronto para consumo rápido, viralização instantânea e monetização imediata.

Voltamos a repetir: com toda essa lista de proibições, o que garante aos morenistas que vídeos denunciando massacres de crianças em Gaza apareceriam nas redes sociais?

Na continuação do artigo, é descrito como a exploração infantil é muito anterior à internet, até que, no entanto, a matéria volta a colocar a internet como fonte de todo o mal do mundo:

Mas se antes, para colocar uma criança no circuito midiático, era preciso entrar em um funil restrito: emissoras de TV, agências de publicidade e produtoras; a internet deu um impulso muito mais rápido, barato e perigoso para a exposição infantil: agora, basta um celular e uma conta gratuita numa rede social. A barreira de entrada caiu, e com ela, qualquer filtro mínimo que a indústria cultural tradicional ainda impunha.

Novamente é importante ressaltar que a internet também deu um grande impulso a denuncias contra a política de opressão da burguesia como vimos na Palestina, mas também vimos na Rússia após a invasão de Kursk pelas forças da OTAN por meio da Ucrânia e os massacres cometidos pelo novo governo sírio. Talvez por não conhecer esse lado da internet, inclusive, é que o PSTU não é capaz de ver as atrocidades do imperialismo e venha apoiando os nazistas na Ucrânia, além do golpe na Síria contra a população do país.

Na sequência da matéria, no entanto, vem mais uma capitulação vergonhosa do PSTU diante da burguesia, não só imperialista, mas toda a burguesia de conjunto:

A digitalização fez algo impensável, democratizou a vitrine e desregulamentou a prática ao mesmo tempo. De repente, milhares de “programas” começaram a ser produzidos por famílias em suas próprias casas, sem contrato, sem assessoria jurídica, sem acompanhamento psicológico. E as plataformas estavam prontas para absorver essa produção — e lucrar com ela.

A afirmação acima significa que, para o PSTU, a burguesia poderia fazer esse tipo de conteúdo, pois daria as condições mínimas para as crianças, com acompanhamento psicológico, assessoria jurídica e contratos de trabalho, enquanto a internet não permitiria isso, já que os conteúdos seriam feitos por exploradores menores, como os pais.

Ou seja, ao mesmo tempo que trata como traficantes de escravos inúmeros cidadãos brasileiros comuns, o PSTU realmente acredita que redes de TV como a Rede Globo dão tudo o que é necessário para as crianças se protegerem, o que inclui um tratamento vip com tratamento psicológico e assessoria jurídica. É um discurso completamente impensável para um partido que se diz trotskista.

Além disso, o PSTU embarca em uma política extremamente direitista que pretende defender os contratos de trabalho firmados entre as emissoras de TV da burguesia e do imperialismo em relação a crianças, como se esse tipo de contrato fosse algo benéfico. Não se trata de um ataque à exploração do trabalho infantil, mas um ataque apenas ao trabalho infantil nas mãos de alguns pais, enquanto o partido defende a exploração por meio das mãos do grande capital.

Na sequência, mesmo após ter sido dito que a exploração infantil começou antes da internet, vemos o seguinte:

Se a internet derrubou as barreiras para expor crianças, o capitalismo de plataforma foi o arquiteto do novo modelo de negócio que transforma essa exposição em um fluxo constante de dinheiro. O princípio é simples: quanto mais tempo você passa olhando para uma tela, mais anúncios podem ser exibidos, mais dados podem ser coletados e mais receita é gerada.

O que seria um “capitalismo de plataforma” e por que isso seria pior do que antes? Não sabemos. A matéria também não diz, novamente, que muito do tempo que os usuários passam na internet pode ser vendo denúncias da política suja da burguesia. É interessante esse trecho da matéria, já que, quem a escreveu, ou não tem familiaridade nenhuma com as redes sociais, o que tiraria completamente o crédito da matéria, ou não vê em suas redes sociais denúncias políticas, como sobre o que acontece na Palestina.

Ou seja, a matéria provavelmente foi escrita por alguém que, caso use redes sociais, não consome conteúdos políticos o suficiente para que o algoritmo recomende mais coisas sobre esses assuntos, o que deixa a dúvida sobre o que, realmente, os membros do PSTU têm assistido no Instagram, no Tik Tok e no X.

Apesar de já termos citado muito o exemplo, todos os leitores deste artigo que têm acompanhado o genocídio em Gaza sabem como, apesar da censura, o algoritmo das redes sociais citadas acima ainda assim sugerem conteúdos sobre o assunto em demasia, não há como negar.

Na sequência, mais uma defesa dos meios de comunicação da burguesia:

A rotina da criança passa a ser moldada pela demanda algorítmica: horários de gravação, repetição exaustiva de vídeos para atingir “a tomada perfeita”, pressões sutis (ou nem tão sutis) para que a criança reaja “do jeito certo” diante da câmera. O que antes poderia ser uma brincadeira vira um trabalho em tempo integral — só que sem contrato, direitos ou qualquer proteção legal. Quanto mais engajamento, mais alto é o CPM (custo por mil impressões) e maior o interesse de anunciantes. Essa estrutura torna a exploração da infância não apenas possível, mas inevitável.

Significa que, além de garantir assistência psicológica, bons contratos de trabalho e assistência jurídica, as grandes redes de TV da burguesia também respeitam o tempo das crianças, impedindo a repetição exaustiva até a “tomada perfeita”, não fazem pressões sutis (ou nem tão sutis) para que a criança reaja “do jeito certo” diante da câmera e tratam tudo como se fosse apenas uma brincadeira, não um trabalho exaustivo em tempo integral? Apenas com a internet isso se tornou uma realidade? O parágrafo chega ao ponto de criticar “horários de gravação”, o que nos leva a entender que as TVs da burguesia e as empresas de cinema faziam, até o dia em que a internet foi inventada, as gravações apenas nos horários que as crianças estivessem completamente desocupadas, sem estabelecer um rígido controle sobre seu tempo.

No entanto, além da defesa dos meios de comunicação da burguesia, o PSTU também elogia ONGs que recebem dinheiro direto do imperialismo no Brasil:

No Brasil, a SaferNet — organização referência no monitoramento de crimes cibernéticos — divulgou dados estarrecedores: em 2023 foram registradas 71.867 novas denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil. Um salto de 77% em relação a 2022. A maior parte do conteúdo denunciado não é fruto de “vazamentos” ou “hackers”, mas de material postado abertamente nas redes.

A SaferNet é uma ONG que diz se preocupar com a segurança na internet. No entanto, entre julho de 2022 e julho de 2024, a empresa recebeu cerca de $749,115 da Safe Online, órgão de fomento de ONGs do imperialismo que se diz parceira da UK International Development, do governo Britânico, um dos financiadores do genocídio em Gaza, a Human Dignity Foundation, ligada à Interpol, a OAK Foundation e a Tech Coalition, fundada por Google, Meta, Microsoft e Yubo, mas com ligações com outras inúmeras empresas, dentre as quais estão todas as chamadas “Big Techs”.

Ou seja, a opinião contrária às “Big Techs” por parte do PSTU, tem origem nas próprias “Big Techs”.

Ou seja, se restava alguma coisa que lembrava algo de revolucionário no PSTU, isso já não existe mais. O partido entrou com tudo na política de censura e não é de hoje. A opinião do partido é tão ou mais direitista que a da ala mais direitista do PT e o que determina essa opinião é, justamente, o próprio imperialismo.

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Last Update: 19/08/2025