Diversos pontos da Ilha do Governador foram palco de um verdadeiro cenário de guerra. Em retaliação às operações policiais nos morros do Dendê e do Guarabu, ônibus e lixeiras foram incendiados. Cerca de 12 coletivos foram usados como barricadas, impedindo a passagem em ruas importantes.

Trabalhadores e trabalhadoras a caminho do serviço foram surpreendidos por homens armados, obrigados a descer dos ônibus e seguir a pé. Muitos sequer conseguiram sair de suas casas. Antes de chegarem às vias principais, tiroteios já aconteciam dentro das comunidades.

Escolas paralisadas pela violência

A rotina escolar também foi diretamente atingida. Muitas instituições, sobretudo particulares, optaram por não abrir ou encerrar suas atividades por medo de colocar em risco alunos, professores e funcionários.

Crianças ficaram em casa, famílias temeram buscar seus filhos, trabalhadores da educação não conseguiram chegar. Alunos relatavam trocas de tiros perto de suas residências, preocupados se teriam como voltar.

Ainda assim, nenhuma orientação oficial foi enviada às escolas da rede pública. O governo municipal de Eduardo Paes (PSD) não suspendeu as aulas, mesmo diante da impossibilidade de garantir a segurança mínima da comunidade.

O silêncio do poder público

Na semana passada, o caso do estudante baleado durante uma aula de Educação Física já havia chocado a cidade. O secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha, limitou-se a lamentar nas redes sociais e criticar a política de segurança do governador do estado, Cláudio Castro (PL), como se Eduardo Paes não estivesse alinhado ao mesmo projeto para a capital.

A realidade mostra que, tanto o governo estadual quanto a prefeitura, têm a mesma política: militarizar as comunidades, ampliar operações policiais e aprofundar a insegurança da população pobre e trabalhadora.

Exigir o fim das operações e defender nossas vidas

É urgente exigir o fim das operações policiais nas comunidades. Essa política, usada como principal método de combate ao narcotráfico, não soluciona nada: só multiplica a violência e atinge diretamente trabalhadores, jovens e moradores pobres.

Enquanto o Estado insiste nesse caminho, nossas crianças e trabalhadores da educação são expostos ao risco diário de estar no fogo cruzado. Situações como a de hoje exigem a imediata suspensão das aulas: se o Estado não pode prover segurança, não pode colocar vidas em risco.

Construir uma saída pela organização da comunidade

A violência atravessa a vida escolar, nossas salas de aula e nossas casas. Precisamos debater coletivamente como garantir segurança, condições de trabalho e estudo, sem confiar em governos que aprofundam a militarização e nada oferecem para a juventude das periferias.

Chamamos famílias e profissionais da educação a denunciar, organizar-se e ajudar a construir uma alternativa efetiva para garantir nossa segurança e melhores condições de vida e trabalho.

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Last Update: 18/08/2025