
A chefe de gabinete do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), é acusada pelo Ministério Público Federal (MPF) de ter “poderes ilimitados” para sacar salários e movimentar valores das contas de funcionários e ex-funcionários do gabinete. Segundo a apuração, Ivanadja Velloso Meira Lima, ré em ação de improbidade administrativa, recebeu procurações de ao menos 10 pessoas, permitindo operações bancárias amplas e, em oito casos, autorização expressa para receber remunerações.
O levantamento aponta que essas procurações foram registradas desde 2011, ano em que Motta assumiu como deputado. No período, os beneficiários dos documentos acumularam mais de R$ 4 milhões em remunerações. Entre os atuais servidores que mantêm esse tipo de autorização estão um motorista e uma secretária parlamentar. Documentos mostram que alguns dos funcionários não atuavam em Brasília e, em determinados casos, acumulavam cargos incompatíveis com as funções na Câmara.
A denúncia do MPF contra Ivanadja é baseada em um caso anterior, no gabinete do deputado Wilson Santiago (Republicanos-PB), no qual ela teria movimentado a conta de um servidor que nunca trabalhou no Congresso. Nesse episódio, o funcionário fantasma afirmou desconhecer o valor de seu salário e até o número da conta bancária. O órgão acusa a assessora de ter incorporado verba pública ao patrimônio particular entre 2005 e 2009.

Além do caso envolvendo Santiago, a investigação atual sobre o gabinete de Hugo Motta identificou nomes que aparecem em outras ações judiciais e operações policiais. Entre eles estão ex-funcionários denunciados por participação em esquemas de fraudes a licitações e desvio de recursos públicos. Parte desses assessores mantinha funções fora da Câmara, enquanto recebia salários do gabinete do deputado paraibano.
Hugo Motta também empregou uma funcionária identificada como fantasma, Gabriela Batista Pagidis, e quatro parentes dela, que juntos receberam mais de R$ 2,8 milhões entre 2011 e 2025. Registros mostram que Gabriela atuava em clínicas particulares e frequentava academia durante o horário em que deveria estar cumprindo expediente na Câmara.
Procurados, nem Hugo Motta nem Ivanadja Velloso comentaram as acusações. Questionados pela imprensa, alguns dos funcionários que assinaram as procurações se recusaram a responder ou desligaram as ligações. O caso segue em investigação, e o MPF busca responsabilizar os envolvidos pelos supostos atos de improbidade e desvio de função no gabinete do atual presidente da Câmara.