As entidades patronais que representam o setor produtivo reagiram positivamente ao Plano Brasil Soberano – o pacote do governo federal para combater os efeitos do tarifaço norte-americano. Desde 6 de agosto, por determinação unilateral e abusiva do presidente Donald Trump, os Estados Unidos impõem uma taxa de 50% para importar produtos brasileiros.
Já no anúncio do plano, nesta quarta-feira (13), Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), elogiou a iniciativa da gestão Lula. “Não queremos só respirar, mas caminhar. Neste primeiro momento, o Plano Brasil Soberano representa abertura de mercado e reflete o esforço contínuo de manter o diálogo e buscar soluções”, declarou Alban.
José Velloso, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), foi na mesma linha. “De uma forma geral, o pacote foi bom. Acho que ele vai dar um fôlego para as empresas fazerem a travessia”, afirmou. “São importantes medidas, como o Reintegra e o crédito – mas é uma situação de transição. Lá na frente, tanto o vendedor quanto o comprador precisam ter uma visão no fundo do túnel.”
Na todo-poderosa Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o tom também foi de apoio ao Plano Brasil Soberano. De acordo com nota divulgada pela entidade, “medidas para preservar empregos, diversificar mercados e assegurar condições justas de comércio internacional são importantes e demonstram compromisso com a defesa dos setores produtivos nacionais”.
Já a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) classificou o plano como um “primeiro passo” para enfrentar o tarifaço. “A Firjan reforça, mais uma vez, a importância da continuidade do diálogo entre os governos, com apoio do setor empresarial, para a busca de soluções negociadas e que preservem o ambiente de negócios e investimentos entre os países. Assim como a federação também defende a necessidade de implementar a abertura de novos mercados”, indicou, em nota, a entidade.
Na visão da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o plano “dialoga com demandas históricas” do setor. Segundo a entidade, o pacote é “positivo” para a “preservação da competitividade e do emprego”, sem esquecer a “urgência de negociações com os EUA por mais exclusões setoriais do tarifaço. A Abiquim seguirá colaborando ativamente para que os recursos e instrumentos previstos no Plano Brasil Soberano alcancem, de forma ágil e eficaz, as empresas mais impactadas.”
Entre as entidades industriais, apenas duas – a Fiep (Federação das Indústrias do Paraná) e a Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) preferiram insistir na narrativa anti-Lula a reconhecer os méritos das propostas. Presidente da Fiep, Edson Vasconcelos disse que as medidas são “paliativas” em função de supostas “questões ideológicas” do governo. Ele cobrou “uma solução definitiva em relação à taxação imposta pelos EUA”, mas omitiu que a saída não depende apenas do Brasil.
O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, fez coro a Vasconcelos. “As medidas podem dar algum fôlego às empresas, mas não resolvem a raiz do problema”, disse o dirigente, em nota. “Se não houver rapidez na implementação e clareza nas regras, o risco é que os recursos e incentivos fiquem no papel.”
No agronegócio, a apreensão é mais evidente. Durante a cerimônia de anúncio do Plano Brasil Soberano, Lula afirmou que seu governo atingiu a marca de 400 novos mercados abertos para o setor primário. Mas o clima entre os segmentos atingidos é de cautela. O Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) e a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) informaram que só vão se pronunciar formalmente após a publicação da medida provisória.