Dezenas de palestinos foram mortos e mais de 300 casas foram demolidas no bairro de Zeitoun em apenas três dias
O exército israelense aprovou a ocupação da Cidade de Gaza na quarta-feira, estimando que entre 80.000 e 100.000 reservistas precisarão ser mobilizados para o plano inicial.
A decisão do chefe de gabinete Eyal Zamir ocorre após várias discussões — iniciadas pelo governo de Benjamin Netanyahu — sobre a iminente ocupação do enclave sitiado.
“O chefe do Estado-Maior enfatizou a importância de aumentar a prontidão da força, preparar a mobilização da reserva e permitir um período de recuperação antes das próximas missões”, diz um comunicado do exército.
Zamir já havia expressado forte oposição à ocupação e até ameaçou renunciar, enquanto as tensões continuam entre ele e o Ministro da Defesa Israel Katz, entre outros proponentes do plano.
Relatos de que o gabinete de segurança de Israel aprovou a ocupação da Faixa de Gaza surgiram na sexta-feira passada.
A operação está programada para começar com a conquista da Cidade de Gaza, com o objetivo de realizar uma limpeza étnica de aproximadamente um milhão de moradores palestinos.
Uma autoridade israelense disse ao Axios que o plano visa esvaziar a Cidade de Gaza de civis em dois meses.
Um cerco seria então imposto à cidade, visando membros do Hamas, seguido por uma operação terrestre.
Embora a declaração oficial tenha se referido à ação como uma “tomada de poder”, o meio de comunicação israelense Ynet informou que o termo “ocupar” foi deliberadamente evitado para contornar as obrigações legais associadas à ocupação formal segundo o direito internacional.
Um alto funcionário israelense disse à mídia local que a escolha da palavra era apenas para fins oficiais, confirmando que a intenção real é ocupar a Faixa de Gaza.
Demolições, assassinatos e deslocamentos
Apesar da reação global de grupos de direitos humanos, ativistas e até governos, as autoridades israelenses fizeram progressos no que muitos temem ser um plano para anexar a faixa bloqueada.
O atual ataque ao bairro de Zeitoun, localizado na Cidade Velha de Gaza, matou dezenas de palestinos e demoliu mais de 300 casas em apenas três dias.
Relatos da mídia local descreveram bombardeios e demolições “sistemáticos” pelas forças israelenses.
De acordo com Mahmoud Bassal, porta-voz da Defesa Civil em Gaza, os ataques se concentraram em um prédio de vários andares com cinco ou mais andares.
A força das explosões fez com que as estruturas ao redor desabassem.
“Demolições foram realizadas sem aviso prévio, e bombardeios intensos impediram que as equipes de resgate chegassem aos feridos”, disse ele, ressaltando ainda mais os temores de que muitos civis possam permanecer presos sob os escombros.
Bassal acrescentou que a cidade está “sendo descaradamente dizimada diante dos olhos e ouvidos do mundo”, ao pedir o fim do genocídio de quase 700 dias.
Desde que o genocídio de Israel começou em 7 de outubro de 2023, tropas israelenses lançaram vários ataques terrestres na Cidade de Gaza e em toda a Faixa de Gaza.
O número de mortos entre palestinos subiu para pelo menos 61.776, deixando mais de 154.906 feridos, de acordo com dados recentes do Ministério da Saúde Palestino em Gaza.
Publicado originalmente pelo MEE em 14/08/2025
Por Mera Aladam