Engana-se quem imagina que a investida dos Estados Unidos (EUA) contra o Brasil se limita apenas à questão comercial. Em mais um rompante abusivo, o governo extremista de Washington resolveu, dessa vez, alvejar o Sistema Único de Saúde (SUS), patrimônio público inestimável à população brasileira. Dois dos fundadores do programa Mais Médicos tiveram seus vistos revogados nesta quarta-feira (13).
Segundo comunicado do Departamento estadunidense de Estado, a retaliação a Mozart Julio Tabosa Sales e a Alberto Kleiman reverbera “uma mensagem inequívoca de que os EUA promovem a responsabilização daqueles que permitem o esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano”.
Atualmente, Sales exerce o cargo de secretário de Atenção Especializada do Ministério da Saúde (MS). Já Kleiman é coordenador-geral para a COP 30, a cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre clima que ocorrerá no Pará, em novembro.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, precisou reagir à agressão. Em nota, o petista defendeu o Mais Médicos e avisou que o Brasil não se curvará “a quem persegue as vacinas, os pesquisadores, a ciência e, agora, duas das pessoas fundamentais para o Mais Médicos”. O programa foi concebido em 2013, quando Dilma Rousseff era presidenta do país. À época, Padilha chefiava o MS.
“O Mais Médicos, assim como o PIX, sobreviverá aos ataques injustificáveis de quem quer que seja. O programa salva vidas e é aprovado por quem mais importa: a população brasileira”, posicionou-se o ministro.
O Mais Médicos, assim como o PIX, sobreviverá aos ataques injustificáveis de quem quer que seja. O programa salva vidas e é aprovado por quem mais importa: a população brasileira.
Não nos curvaremos a quem persegue as vacinas, os pesquisadores, a ciência e, agora, duas das…
— Alexandre Padilha (@padilhando) August 13, 2025
Patriotas de araque
A imprensa comercial tem noticiado que o governo do oligarca republicano Donald Trump estuda ampliar a perseguição a ex-ministros da Saúde ligados ao Mais Médicos. E em contextos assim, o patriotismo de araque do clã-Bolsonaro sempre vem à tona. Por meio do X, o traidor Eduardo Bolsonaro, o filho 03 de Jair Bolsonaro, manifestou regozijos com a revogação dos vistos e com a nova política anti-Cuba e anti-Brasil desempenhada por Trump.
Em março, Eduardo decidiu se licenciar do cargo de deputado federal e se mudar para o Texas, onde age deliberadamente contra o Brasil na tentativa desesperada de salvar o pai da cadeia. Tudo em conluio com a Casa Branca e com o suporte de outros extremistas de direita, como é o caso do foragido da Justiça Paulo Figueiredo, neto do último ditador brasileiro, general João Figueiredo. O tarifaço de 50%, por exemplo, faz parte da trama antipatriótica.
“Obrigado, Secretário. O mundo livre apoia e sabe do seu trabalho”, jactou-se o deputado do PL, em publicação dirigida ao secretário de Estado, Mark Rubio. Descendente de cubanos, Rubio anunciou que os EUA estão retomando a “política de restrição de vistos relacionada a Cuba”.
Também no X, a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, denunciou os crimes de lesa-pátria praticados pelos Bolsonaro. A petista fez defesa enfática do Mais Médicos e do alcance do programa. “Milhões de famílias brasileiras do interior e das periferias foram atendidas por profissionais cubanos no Mais Médicos, lançado em 2013 no governo da presidenta Dilma”, publicou.
“Só podemos pensar neles com gratidão e repudiar a última provocação do Departamento de Estado dos EUA. Punir autoridades brasileiras que participaram daquele programa é uma vingança mesquinha, que só pode ter partido de quem nunca entendeu o que é precisar de atendimento médico e não ter a quem recorrer”, completou Gleisi.
Milhões de famílias brasileiras do interior e das periferias foram atendidas por profissionais cubanos no Mais Médicos, lançado em 2013 no governo da presidenta Dilma. Só podemos pensar neles com gratidão e repudiar a última provocação do Departamento de Estado dos EUA. Punir…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) August 14, 2025
Saúde enquanto direito
O senador Humberto Costa (PE) elogiou o SUS e o Mais Médicos e aproveitou para alfinetar a falta de sensibilidade e de empatia da extrema direita ideológica. “O incômodo deles é óbvio: nos EUA, saúde não é direito, é negócio! Enquanto o Mais Médicos leva atendimento gratuito a milhões no Brasil, Trump persegue quem fez isso acontecer. Bolsonaro desmontou o programa, e agora seu aliado ataca quem ousa cuidar do nosso povo”, lamentou o parlamentar.
O incômodo deles é óbvio: nos EUA, saúde não é direito, é negócio! Enquanto o Mais Médicos leva atendimento gratuito a milhões no Brasil, Trump persegue quem fez isso acontecer. Bolsonaro desmontou o programa, e agora seu aliado ataca quem ousa cuidar do nosso povo. pic.twitter.com/ggY5hvKfcx
— Humberto Costa (@senadorhumberto) August 13, 2025
No mesmo tom, o deputado federal José Guimarães (CE), líder do governo Lula na Câmara, falou em preservar políticas públicas e a soberania nacional. “O programa Mais Médicos levou saúde a milhões de brasileiros, especialmente nas regiões mais distantes e carentes”, observou.
“A decisão do governo Trump de retaliar e revogar vistos de quem atua na execução desse projeto é um ataque direto à nossa soberania e ao direito do povo brasileiro à saúde. Seguiremos firmes na defesa de políticas públicas que cuidam da nossa gente! Viva o Mais Médicos! Viva o SUS!”, concluiu Guimarães.
O programa Mais Médicos levou saúde a milhões de brasileiros, especialmente nas regiões mais distantes e carentes. A decisão do governo Trump de retaliar e revogar vistos de quem atua na execução desse projeto é um ataque direto à nossa soberania e ao direito do povo brasileiro à…
— José Guimarães (@guimaraes13PT) August 14, 2025
Mais Médicos
O Mais Médicos se depara com o desafio de melhorar o atendimento aos usuários do SUS. O programa leva médicos para regiões prioritárias, remotas, de difícil acesso e de alto índice de vulnerabilidade, onde há escassez ou ausência desses profissionais. Também promove formação e qualificação por meio de parcerias com instituições de ensino. Essa estratégia almeja garantir maior equidade no acesso aos serviços de saúde em todo o território nacional.
Sob a gestão do ministro Padilha, o MS promove a expansão do programa, com 28 mil vagas em 4.547 municípios, incluindo saúde indígena e prisional, beneficiando 73 milhões de brasileiros.
Da Redação, com informações de BBC Brasil e Ministério da Saúde