
Por Filipe Augusto Peres
Da Página do MST
A educação como prática de liberdade ganhou novo impulso no interior do Estado de São Paulo com a chegada da Jornada de Alfabetização de Jovens e Adultos nas periferias, que utilizará o método cubano “Sim, eu posso” para alfabetizar centenas de pessoas em comunidades rurais e urbanas. A iniciativa integra o projeto Mãos Solidárias e é realizada em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Ministério da Educação (MEC), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e coletivos populares.
O lançamento ocorreu entre 7 e 10 de agosto, em Campinas, durante a Formação Estadual da Jornada de Alfabetização, que reuniu educadores populares de diversas cidades do interior paulista. Eles serão responsáveis por conduzir os círculos de aprendizagem em seus próprios territórios, levando leitura e escrita a quem historicamente teve o acesso à escolarização negado ou interrompido. O interior paulista contará com 50 turmas em 2025.
A expectativa é que até o fim de 2025 jovens, adultos e idosos sejam alfabetizados em assentamentos rurais, ocupações urbanas e periferias de várias regiões do estado, em articulação com ações semelhantes em outros estados como Minas Gerais, Pernambuco e Rio de Janeiro.
Método com alcance mundial


Criado em Cuba no início dos anos 2000 pela pedagoga Leonela Relys Díaz, o método “Sim, eu posso” já alfabetizou mais de 10 milhões de pessoas em mais de 30 países, incluindo Moçambique, Angola, Nicarágua, Venezuela, Timor-Leste e o próprio Brasil. Sua proposta associa números, sons e palavras simples para avançar, no ritmo de cada estudante, até a construção da leitura crítica do mundo.
Protagonismo comunitário
Um dos diferenciais da Jornada é que os alfabetizadores são moradores das próprias comunidades onde atuam. Muitos têm histórico de militância em movimentos sociais, coletivos culturais ou pastorais. Após formação específica, eles conduzem as aulas em escolas, centros comunitários, igrejas ou residências, transformando o processo de aprendizagem em um espaço de convivência, organização popular e fortalecimento de vínculos.
Para o MST e os coletivos parceiros, alfabetizar significa mais do que ensinar a ler e escrever: trata-se de promover direitos, autonomia e dignidade, fortalecendo o tecido social e estimulando processos de transformação política e cultural.
Compromisso com a transformação social

Com a implementação no interior paulista, o Mãos Solidárias reafirma o compromisso de oferecer uma educação enraizada nos territórios, capaz de democratizar o acesso à leitura e à escrita. Mais do que um fim, a alfabetização popular é vista como meio para a construção de um Brasil mais justo, soberano e igualitário.
Durante a formação, os/as futuros docentes puderam votar no Plebiscito Popular pela Redução da Jornada de Trabalho 6×1, sem perda de salário e pelo aumento da taxação de quem ganha mais de R$ 50.000,00 para que quem recebe até R$ 5.000,00 não pague imposto.
*Editado por Fernanda Alcântara