Na terça-feira (10), a Quaest divulgou uma pesquisa que indica que 66% dos entrevistados concordam com as críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à política de juros do Banco Central. Ao mesmo tempo, 23% não concordam com as falas do mandatário brasileiro e 11% não sabem ou não responderam.
A pesquisa se refere a declarações como a seguinte:
“O presidente do Banco Central é um adversário político, ideológico e adversário do modelo de governança que nós fazemos. Ele foi indicado pelo governo anterior e faz questão de dar demonstração de que não está preocupado com a nossa governança, ele está preocupado é com o que ele se comprometeu”, disse Lula em 21 de junho.
É importante notar que até mesmo aqueles que votaram em Bolsonaro tendem a concordar com o presidente brasileiro. Segundo a Quaest, mais da metade (51%) dos que votaram no ex-presidente nas eleições de 2022 concordam com as falas de Lula.
Não se pode confiar cegamente nas pesquisas produzidas por institutos ligados à burguesia. Entretanto, é possível utilizá-las, em conjunto com uma análise concreta, para indicar tendências na política nacional.
Fato é que a burguesia tem interesse em favorecer a figura de Campos Neto, é defensora número um de sua política de juros enquanto presidente do Banco Central. Nesse sentido, é provável que o número de pessoas que concordam com as declarações de Lula seja ainda maior.
Podemos, com isso, tirar a conclusão imediata de que o povo brasileiro está do lado do presidente quando o assunto é denunciar a política lesa-pátria levada adiante por Campos Neto. Entretanto, esta é a parcela da população que tem conhecimento deste problema.
A mesma pesquisa da Quaest afirma que 69% dos entrevistados afirmaram não ter conhecimento de que o presidente do BC havia sido indicado por Bolsonaro, contra 29% que afirmaram ter conhecimento deste fato. Ao mesmo tempo, 64% do total afirmaram não ter tomado conhecimento das críticas feitas por Lula, enquanto 34% disseram o contrário.
Os números — levando em conta as ressalvas feitas anteriormente — indicam que a política que Lula tem defendido para o Banco Central é bem aceita por aqueles que têm ciência do problema que a política de juros de Campos Neto representa para o País.
Diante da pressão feita pela burguesia, Lula recuou em suas críticas. Entretanto, a pesquisa mostra que, caso o governo faça um bom trabalho no sentido de discutir o problema da taxa de juros e da dívida pública com a população brasileira, o presidente terá condições políticas de travar uma verdadeira guerra contra a ação lesa-pátria de Campos Neto.
O fundamental é que Lula precisa se apoiar na mobilização popular, na força dos trabalhadores brasileiros. Caso contrário, não conseguirá avançar com o desenvolvimento nacional.