Diante da escalada de tensões comerciais com os Estados Unidos, marcada pelo tarifaço imposto pelo governo Donald Trump contra produtos brasileiros, o Ministério da Fazenda oficializou nesta segunda-feira (11) dois memorandos de entendimento com Rússia e China. Os documentos, publicados no Diário Oficial da União, criam mecanismos permanentes de diálogo econômico e financeiro e reforçam a coordenação do Brasil com aliados estratégicos no BRICS e no G20.
A medida sinaliza a intenção de diversificar mercados e fontes de financiamento, reduzindo a dependência dos EUA e intensificando a articulação com potências emergentes.
A coordenação com Rússia e China também reforça o peso brasileiro nas negociações multilaterais, especialmente no contexto da presidência do G20 e da 17ª Cúpula do BRICS, que o país sediou em julho no Rio de Janeiro.
Moscou: coordenação no BRICS e no G20
O memorando com a Rússia cria um Diálogo Econômico e Financeiro entre os ministérios da área, com encontros periódicos, intercâmbio de informações e integração às atividades da Comissão Intergovernamental Brasil–Rússia.
O documento prevê ainda alinhamento de posições em fóruns multilaterais como BRICS, G20 e organismos financeiros internacionais. O memorando não impõe obrigações jurídicas ou financeiras, mas cria uma instância permanente de comunicação e alinhamento político-econômico.
Pequim: integração estratégica e investimentos sustentáveis
O memorando com Pequim é mais ambicioso e de longo prazo. Ele retoma compromissos firmados desde 2023, alinhando o Novo PAC, o Plano de Transformação Ecológica e o Programa Rotas da Integração Sul-Americana com a Iniciativa Cinturão e Rota chinesa.
Entre os eixos de cooperação estão:
- Financiamento climático e atuação no “Círculo de Ministros das Finanças da COP30”;
- Ampliação da presença no Novo Banco de Desenvolvimento e no Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura;
- Defesa de reformas no Banco Mundial e em outras instituições globais para ampliar a participação dos países em desenvolvimento.
- Apoio a investimentos em infraestrutura e projetos sustentáveis;
Assim como no pacto com a Rússia, não há obrigações jurídicas, mas sim um marco político que fortalece a cooperação estratégica.
Sul Global como eixo de equilíbrio
Na prática, os memorandos ampliam o espaço de cooperação em:
- Infraestrutura;
- Tecnologia e inovação;
- Finanças sustentáveis;
- Reformas da governança econômica internacional
A assinatura simultânea dos dois memorandos reforça o movimento do Brasil de posicionar-se como articulador do Sul Global, ampliando alianças estratégicas para contrabalançar pressões econômicas dos Estados Unidos.