Deputado federal Eduardo Bolsonaro discursa em frente à bandeira dos EUA. Foto: Mandel Ngan/AFP

Por Leonardo Sakamoto, no Uol

A notícia de que o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, cancelou uma reunião com o ministro Fernando Haddad após articulações de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos é uma boa oportunidade para os governadores brasileiros mostrarem que são de fato patriotas ou apenas oportunistas sedentos pelos votos de Jair, o Inelegível.

Enquanto políticos, da esquerda à direita, buscam proteger o país do ataque do governo Donald Trump, que pressiona para a Suprema Corte interromper o julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe e que o Congresso aprove uma anistia vagabunda, o deputado federal segue nos EUA minando esforços diplomáticos em um ato de traição.

Um governador patriota, verdadeiramente comprometido com o Brasil, seria aquele que denuncia, critica e abomina esse tipo de ação, dando nomes aos bois para que o seu rebanho entenda. Que coloca a nação acima de picuinhas partidárias e do culto a um clã político. Mas, em vez disso, vemos figuras que se apresentam como presidenciáveis praticamente emudecidas, como se a submissão ao bolsonarismo valesse mais do que a defesa dos empregos e da produção nacional.

Diante da repercussão negativa, Eduardo Bolsonaro soltou uma nota dizendo que não pretende ter controle sobre a agenda do secretário do Tesouro. Mas que Trump apresentou as razões para as tarifas (que incluem a suspensão do julgamento de Jair) e o Brasil precisa “enfrentar esses pontos” — ou seja, cumprir as ordens dos EUA. E antecipou que irá novamente a Washington DC para mais reuniões. Em termos de traição, temos que dar o braço a torcer, ele é incansável. Dão respaldo a ele os R$ 2 milhões transferidos por Jair Bolsonaro para ele poder executar seu plano.

 

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, comparou taxa de criminalidade de Washington a outras capitais. Foto: Andrew Harnik/Getty Images

Eduardo Bolsonaro não está “fazendo oposição”. Está agindo como um entreguista, querendo ver setores inteiros da nossa economia sucumbindo a medidas unilaterais de Washington. Enquanto isso, parte da elite empresarial, que diz aplaudir a pauta liberal, bate palmas quando os mesmos governadores culpam Lula pela situação causada pela extrema direita.

O silêncio de setores da mídia e de líderes conservadores é sintomático. Se fosse um petista a articular tarifas e barreiras nos EUA contra um governo de direita no Brasil, já estariam gritando que isso é crime de responsabilidade. Mas como é um Bolsonaro, a ação é tratada como estratégia política.

Patriotismo não é sobre bandeiras, camisetas da seleção ou discursos inflamados. É sobre defender o país quando ele mais precisa.

E, hoje, defendê-lo significa exigir que Eduardo Bolsonaro perca o mandato, seja exonerado do cargo de escrivão da Polícia Federal e julgado por crime de lesa pátria.

O Brasil merece mais do que isso que vemos. Merece líderes que não troquem o futuro de um povo por um vídeo de Jair no Insta pedindo voto.

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Last Update: 11/08/2025