A guerra tarifária imposta pelo presidente norte-americano Donald Trump está redesenhando o mapa econômico mundial, e o retrato não é dos mais favoráveis a quem se omite.

Segundo o economista Dani Rodrik, professor de Economia Política Internacional em Harvard, o choque tarifário aplicado pelos Estados Unidos, com taxas de até 50% sobre importações de aço, alumínio e produtos diversos, ofereceu à União Europeia, à China e a potências médias a chance de afirmar liderança e propor uma nova ordem econômica.

Contudo, poucos aceitaram o desafio – e o articulista considera a União Europeia como o caso mais decepcionante pois o bloco preferiu um acordo que preserva altas tarifas e impõe importações energéticas “absurdamente elevadas” dos EUA, expondo, segundo Rodrik, “a fraqueza estrutural da UE como confederação sem identidade coletiva”.

Embora a China tenha respondido com medidas de retaliação e estabelecido uma imagem de parceira do Sul Global, Rodrik acredita que o país ainda não apresentou um modelo que seja capaz de corrigir os desequilíbrios que ela própria sustenta.

Uma exceção chamada Brasil

Em artigo no Project Syndicate, Rodrik destaca o posicionamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “raro exemplo” de resistência frontal a Donald Trump, mesmo em meio aos diversos ataques pessoais e a tarifação de 50% imposta ao país.

O posicionamento de Lula levou o jornal norte-americano The New York Times a afirmar que “talvez não haja líder mundial desafiando o presidente Trump tão fortemente quanto Lula”. “Essa liderança tem sido amplamente ausente no resto do mundo”, explica Rodrik.

Na Índia, o comentarista político Pratap Bhanu Mehta observa que muitos empresários e líderes políticos estão procurando maneiras de acomodar Trump – mas, ao fazer isso, interpretam mal o presidente e o mundo que ele está moldando.

“Em qualquer outro momento recente, o comportamento da administração Trump seria imediatamente identificado pelo que é: imperialismo puro e simples. E imperialismo deve sempre ser desafiado — nunca acomodado —, e isso exige tanto poder quanto propósito”, diz o professor de Harvard.

O risco, alerta Rodrik, é que Trump vença politicamente não pela força econômica, mas pela ausência de reação articulada. “O mundo precisa de novas ideias e princípios para evitar tanto a instabilidade da hiperglobalização quanto o efeito destrutivo das políticas de empobrecer o vizinho”, escreve.

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Last Update: 11/08/2025