O ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Reprodução

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que uma reunião importante com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, foi cancelada devido à pressão da extrema-direita brasileira. Em uma entrevista ao programa Estúdio I, da Globonews, Haddad revelou que a reunião, prevista para o dia 13 de agosto, teve que ser desmarcada após uma articulação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro declarou publicamente que tomaria medidas para impedir o encontro entre os governos e Haddad explicou que a articulação foi desencadeada pela entrevista de o parlamentar.

“A militância anti-diplomática tomou conhecimento e agiu junto a alguns assessores. (…) Recebemos essa informação dois dias depois do anuncio que eu fiz, em que o Eduardo publicamente deu uma entrevista que ia procurar inibir esse tipo de contato entre os dois governos”, disse o ministro.

Haddad ainda relatou que o encontro foi desmarcado por e-mail e que não há uma nova data para a conversa. “Tentamos junto à assessoria do Secretário do Tesouro remarcar a reunião, mas logo percebemos que não era o caso”, prosseguiu.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e Eduardo Bolsonaro durante encontro na Casa Branca em 2019. Foto: Joyce N. Boghosian

O ministro também avaliou que essa interferência não tem relação com questões ideológicas, mas com uma mudança mais ampla na postura geopolítica dos EUA. Segundo ele, a aproximação dos Estados Unidos com outros países, como a Índia, é um reflexo dessa transformação nas relações internacionais.

“Não é uma questão ideológica, de governos mais amigos ou menos amigos. O que ele esta fazendo com a Índia mostra que é uma mudança de postura geopolítica”, acrescentou.

Haddad também aproveitou a ocasião para comentar sobre a Medida Provisória que o governo brasileiro está preparando para ajudar os setores prejudicados pelo tarifaço de Donald Trump. O pacote incluirá linhas de financiamento, ajustes tributários e possibilidades de compras públicas. “Estamos autorizando o poder público a fazer determinadas aquisições quando cabe”, afirmou.

Em relação ao impacto da medida nas empresas brasileiras, Haddad destacou que a MP prevê a manutenção de empregos nas empresas que receberem o apoio do governo. Ele reconheceu que nem todas poderão ser auxiliadas. “A MP tem que ter certa flexibilidade. São mais de 10 mil empresas, não vamos conseguir colocar todo mundo na mesma moldura”, completou.

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Last Update: 11/08/2025