O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) denunciou que, na madrugada de segunda-feira (8), o Acampamento Liberdade, no município de Juscimeira, foi invadido por forças policiais do estado. A organização sem terra afirma que mais de 60 barracos foram danificados e que as famílias sofreram tortura física e psicológica.
Confira, abaixo, a nota que o MST endereçou a diversos órgãos públicos em denúncia ao caso:
Denuncia Pública do MST no Mato Grosso
À Corregedoria Geral da Polícia de MT
Ouvidoria de Polícia de MT
Ministério Público Estadual de MT
Ministério Publico Federal
Fórum Estadual e Conselho Estadual de Direitos Humanos de MT,
Hoje, 8 de julho de 2024, por volta das 4 horas da manhã, o Acampamento Liberdade, localizado dentro do Assentamento Egídio Brunetto, no município de Juscimeira-MT, em uma área cedida para o mesmo, foi invadido por uma operação violenta das várias forças policiais do MT.
Segundo o Comandante Handson, “essa operação era para capturar e prender um indivíduo foragido e perigoso, suspeitado de estar no acampamento”.
A ação foi realizada de forma violenta, com tortura psicológica, física e danos em mais de 60 barracos, detalhados abaixo:
As famílias foram brutalmente despertadas com ameaças e levadas para o barracão comunitário sem saber o que estava acontecendo. Um morador em especial foi pego e ameaçado de tortura se não revelasse informações sobre o indivíduo procurado. Outro morador que também suspeitavam que poderia ter informações sobre o procurado foi buscado no seu local de trabalho e levado para uma estrada a margem do rio, onde foi submetido a ameaças e pressão.
Em outra situação, um policial ao chegar no barraco de uma família, saiu o pai, a mãe e uma adolescente de 14 anos assustados e o policial pediu que a adolescente levantasse a blusa, numa atitude de assédio e falta de respeito.
Mais de 60 barracos foram danificados e as lonas cortadas em vários locais, mesmo os que estavam fechados com cadeado. Cada barraco com mais de um corte na lona, sendo que de cara já viam que não havia ninguém dentro. É verdade, são barracos, mas é a nossa casa.
Além de toda truculência com as famílias acampadas, fecharam a MT 373 em frente ao acampamento, impedindo muitas pessoas irem ao trabalho na cidade e região, igualmente o ônibus escolar não pôde passar e as crianças do Assentamento Beleza e Egídio Brunetto não puderam ir às aulas hoje.
Mais uma vez a Polícia age com truculência e preconceito contra as famílias Sem Terra do MST, que estão na luta reivindicando junto ao Incra e o Gov. Federal seu direito a ter um pedaço de Terra para viver e produzir alimentos.
Quanto será que essa operação custou aos cofres públicos? Por que será que a polícia continua agindo e tratando trabalhadores como bandidos?
Nossa luta é legítima, no acampamento vivem mulheres, homens e crianças trabalhadoras, que acreditam na justiça e, portanto, pedimos que sejam apuradas todas essas irregularidades cometidas pelas polícias nessa operação desastrada e que a SETAC – Secretaria de Assistência do Estado reponha as lonas que foram rasgadas pela ação truculenta dos policiais.
Direção Estadual do MST no Mato Grosso