Trump mira aliados da Rússia com tarifa de até 100% e provoca alerta para economia global

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em aperto de mãos
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin – Reprodução

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou novas tarifas de importação secundárias que atingirão todos os países que continuarem a fazer negócios com a Rússia, caso não haja cessar-fogo na Ucrânia. A medida prevê sobretaxa de até 100% sobre produtos importados desses países, com o objetivo de reduzir o fluxo de recursos para Moscou. A Índia foi o primeiro alvo, recebendo tarifa extra de 25% por comprar petróleo russo, o que elevou a taxação total para 50% e poderá afetar produtos como iPhones fabricados no país.

Especialistas apontam que o principal impacto global poderá ocorrer no mercado de energia, já que Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo. Caso as tarifas desestimulem as compras de petróleo e gás russos, a oferta global pode cair, elevando os preços, como ocorreu no início da guerra em 2022. No entanto, analistas como Kieran Tompkins, da Capital Economics, afirmam que a Opep+ possui capacidade ociosa para mitigar parte dessa pressão.

A medida também mira grandes compradores de petróleo russo, como China, Turquia, Brasil e países da União Europeia. No caso da China, impor tarifas secundárias seria mais complexo devido ao alto volume de comércio bilateral e à dependência mútua em setores-chave. Analistas lembram que, em tentativas anteriores de tarifas elevadas, Trump acabou quase paralisando o comércio entre as duas maiores economias do mundo.

Bandeira da União Europeia. Foto: Cristina Arias/Cover/Getty Images

Na Europa, embora as importações de combustíveis russos tenham caído desde 2022, alguns países ainda mantêm compras. Caso a UE seja incluída nas sanções secundárias, setores como máquinas e produtos farmacêuticos podem encarecer nos EUA, dado que há poucas alternativas para substituição desses bens. Isso aumentaria custos para consumidores e empresas americanas.

Para a Rússia, a medida pode acelerar uma possível recessão. O país, que cresceu 4,3% em 2024, já enfrenta queda nas exportações de energia e altos gastos militares — 6,3% do PIB, o maior nível desde a Guerra Fria. O Fundo Monetário Internacional projeta crescimento de apenas 0,9% em 2025. Reduzir as receitas com petróleo e gás enfraqueceria ainda mais a capacidade de Moscou de sustentar a guerra.

Trump afirma que a estratégia busca ajudar a Ucrânia, enfraquecendo financeiramente a Rússia e pressionando pelo fim do conflito. No entanto, especialistas alertam que a medida pode gerar tensões comerciais globais, encarecer produtos para consumidores americanos e reacender instabilidades nos mercados internacionais.

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