
Por Karina Ernsen, do Coletivo de Comunicação da Jornada de Agroecologia
Da Página do MST
Um presente comprado na feira da Jornada de Agroecologia, em Curitiba (PR) é muito mais que um objeto, mas um compromisso de apoio a quem produz comida sem veneno e defende a qualidade ambiental. É reivindicar trabalho digno, lutar por um futuro onde a comida é soberania, não commodity (mercadoria). É apoiar a justiça social, valorizando quem produz com dignidade, não com exploração. É se engajar na luta climática, combatendo a devastação do agronegócio.
A 22ª Jornada Agroecológica acontece no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR) vai até o dia 10 de agosto, data que coincide com o Dia dos Pais. Os produtos, tanto artesanais, como livros, canecas, camisetas, entre outros estão na Feira da Agrobiodiversidade, um espaço que já é tradição na Jornada de Agroecologia. Neste ano, com mais de 100 empreendimentos da Agroecologia, da Economia Solidária, da Reforma Agrária e de comunidades indígenas de várias partes do Paraná e de outros estados.
Alexandra Peixoto, da Associação Utopia, tem muitas opções: canecas, placas decorativas, cadernos de vários tamanhos, ecobags e outras opções. A Associação Utopia é uma associação que compõe a Rede Mandala, integrando o campo e a cidade. “A economia solidária é uma outra forma de produzir, circular e comercializar produtos artesanais ou semi-artesanais, onde o princípio básico é a não exploração de um ser humano por outro ser humano”.
Na Jornada também tem cervejas. Produzidas no município de Apiaí, as cervejas da Terra respeitam os cuidados com o meio ambiente, assim como com os princípios da Agroecologia. A água utilizada é oriunda de uma nascente, conferindo às cervejas uma qualidade e sabor único. Pedro Miguel Henrique, um dos responsáveis pelo espaço, conta que a Weiss é produzida com trigo cultivado no assentamento.
A editora Humaitá, trabalha com literatura negra paranaense e, para os pais, o último livro lançado é “Bispo Negro”. “Para todo mundo conhecer essa narrativa afro-paranaense. É difícil encontrar em lojas do mercado, mas a gente encontra na Jornada e no site (https://www.humaitaeditora.com.br/). Nossos produtos estão nas feiras populares, e em eventos de comunidade. Nosso material é do povo para o povo”, explica Candieiro da Silva, da editora Humaitá.
O Núcleo Periférico vende produtos como camisetas, bonés, ecobags e canecas comunicando a resistência. “O Núcleo periférico existe desde 2013, são 11 anos de militância. É um projeto cultural que atende a população em vulnerabilidade social por meio de uma economia solidária”, explica Black Bill do Núcleo Periférico.
A Associação Acromel fabrica iscas para as abelhas sem ferrão. Gildo Martins de Lima explica que elas têm um atrativo para chamar as formigas e então preparar os caixilhos. “E aí a gente mesmo pega o mel e tem mel para o resto da vida”. Os produtores também vendem mel medicinal.
A Jornada de Agroecologia oferece presente com propósito. Desde camisetas que estampam a luta por soberania alimentar, justiça social e preservação ambiental. O melhor estilo e ativismo para o pai que acredita num mundo melhor. Além de outras boas ideias como produtos de resina, abridores, chaveiros, colares, além de queijos e outros alimentos. Tem ainda brechó e outras opções.
Geração de renda e comércio justo
Estão presentes na feira produtores/as da Reforma Agrária e também da agricultura familiar camponesa que integram cooperativas, unificada pela Central de Cooperativas da Reforma Agrária do Paraná (CCA-PR). Entre as linhas de produção em assentamentos e acampamentos do estado estão as do leite, milho, arroz, feijão, ovos, hortifrúti, café, mel, cana-de-açúcar e derivados, erva-mate, polpa e suco de frutas e panificados.
O principal destino desses alimentos saudáveis são as escolas públicas de todo estado, por meio da comercialização das cooperativas ao Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE). Ao todo são 25 cooperativas, 62 agroindústrias, cerca de 100 associações, mais de 100 tipos de produtos beneficiados.
O movimento da Economia Popular Solidária é uma organização baseada no trabalho coletivo e autogestionário, sem patrão e empregado, como explica o educador Luis Pequeno, membro da Rede Mandala e da coordenação do Programa Paul Singer no Paraná, organizado pelo Governo Federal: “Essa estratégia prioriza a pessoa em vez do capital, respeitando a biodiversidade de vida no planeta. É uma estratégia de vida e trabalho coletivo, em que bens e serviços são produzidos em todas as áreas da cadeia produtiva”.
Segundo o Cadastro Nacional de Empreendimentos de Economia Solidária, Ministério do Trabalho e Emprego, o Paraná tem cerca de 1.200 empreendimentos de Economia Solidária espalhados em todas as regiões, na cidade e no campo. São cooperativas, associações ou coletivos informais que produzem desde a alimentação, artesanatos, roupas, até a reciclagem de resíduos.
Este ano o evento também conta com o apoio da UFPR, Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).
A Jornada é realizada pela Associação de Cooperação Agrícola e Reforma Agrária do Paraná (ACAP) com o patrocínio do Sebrae, Itaipu Binacional, Fundação Banco do Brasil e Governo Federal.
*Editado por Solange Engelmann