No mesmo dia em que o presidente americano Donald Trump anunciou o injustificável aumento de 50% para a exportação de produtos do Brasil, na semana passada, o governo chinês habilitou 183 empresas brasileiras a exportarem café para o gigante asiático. A Embaixada da China no Brasil confirmou a decisão no sábado (2) em suas redes sociais, informando ainda que a medida tem validade de cinco anos. A decisão chinesa reflete um necessário rearranjo das relações multilaterais entre países do Sul Global frente à guerra comercial imposta pelos Estados Unidos.
Cada vez mais globalizado, o mercado chinês vem se abrindo ao consumo de café, o que explica o aumento das importações líquidas do produto nos últimos quatro anos. Segundo a Embaixada da China, a compra de café cresceu 13,08 mil toneladas entre 2020 e 2024, apesar de o consumo per capita ainda ser considerado baixo. Com 16 xícaras ao ano, trata-se de um hábito ainda muito inferior à média global de 240. O que mostra o enorme potencial de expansão: “O café vem conquistando espaço no dia a dia dos chineses”, destaca a Embaixada, em publicação na rede social X.
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Entre 2020 e 2024, as importações líquidas de café da China cresceram 13,08 mil toneladas (+6,53x, CAGR 65,7%).
O consumo per capita ainda é de apenas 16 xícaras/ano, frente à média global de 240.
💡 O café vem conquistando espaço no dia a dia dos chineses#Café… pic.twitter.com/LW7LeCsRCl— Embaixada da China no Brasil (@EmbaixadaChina) July 30, 2025
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No ano passado, a China foi o 14º maior comprador dos grãos brasileiros, com 55,940 mil toneladas. Para efeito de comparação, os Estados Unidos compraram 471,5 mil toneladas do produto em 2024, mantendo a posição de principal país importador do café brasileiro. Mas isso pode mudar se Trump mantiver o café na lista de produtos taxados, o que ainda pode lhe custar sérios problemas domésticos, visto que o café é item essencial nos hábitos de consumo diário dos americanos.
Lula: 398 novos mercados
Enquanto Trump insiste em ameaçar o Brasil e o mundo com suas bravatas, o governo Lula segue disposto ao diálogo, mas sem abrir mão da busca por novos parceiros comerciais.
“Nesses dois anos e meio de mandato, já fiz reunião com todos os presidentes da América do Sul, da Celac [Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos], que são 33, com os países do CARICOM [Comunidade do Caribe], que são 14, da África, são 54, União Europeia, já visitei Arabia Saudita, Emirados Árabes, Catar, Etiópia, Egito, Angola, África do Sul, estamos concluindo o acordo Mercosul-União Europeia”, listou o presidente Lula, em emocionado discurso no 17º Encontro Nacional do PT, neste domingo (3), em Brasília.
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“Sabe quantos acordos novos nós fizemos? Quantos mercados nós abrimos em apenas dois anos e meio? 398 novos mercados para os produtos brasileiros”, destacou o presidente. “[Após] a nossa volta à Presidência desse país, foi como se a gente tivesse aberto um grande portão, onde todo mundo quer conversar com o Brasil”, concluiu.
A China, por meio da Administração Aduaneira Geral, informou ainda que habilitou 30 empresas brasileiras para exportação de gergelim e 46 para exportação de farinhas de aves e suínos. A decisão também passou a valer no dia 30 de julho, data do anúncio de Trump.
Da Redação, com Agência Brasil e Folha de S. Paulo