João Pedro Silva foi torturado antes de morrer. Foto: reprodução

Um paciente de 56 anos morreu na última segunda-feira (8) após ser espancado em uma clínica de reabilitação para dependentes químicos em Cotia, na Grande São Paulo. O principal suspeito do crime é Mateus de Souza Pinto, de 24 anos, funcionário da Comunidade Terapêutica Efatá, que pertence ao pastor Luís Carlos da Silva.

A clínica, cujo nome é um termo em aramaico usado por Jesus para curar um paciente de acordo com a Bíblia, recebe pastores para palestras sobre dependência química e tinha cultos evangélicos como parte da rotina de tratamento.

O funcionário foi preso em flagrante pelo crime de tortura praticado na sexta-feira (5). “O Mateus trabalhava como terapeuta, mas não tinha habilitação nenhuma para exercer a função”, afirmou o delegado Adair Marques Correa Junior, da Delegacia Central de Cotia.

O Pastor Luís Carlos, responsável pela clínica, declarou que o estabelecimento não tem histórico de violência e que soube da agressão apenas após ver os hematomas na vítima. “Eu fiquei sabendo a partir do momento que a gente viu ele caído com os hematomas. Foram passados relatos anônimos de que o Mateus agrediu o paciente”, disse em entrevista ao Brasil Urgente, da TV Bandeirantes.

A vítima, identificada como João Pedro Silva, foi levada ao Pronto-Socorro de Vargem Grande Paulista, mas não resistiu aos ferimentos. Fotos obtidas pelo Uol mostram João com vários hematomas no corpo e um vídeo revela que ele estava com as mãos amarradas para trás, preso a uma cadeira no momento das agressões.

“Eles levaram o rapaz ao pronto-socorro porque, segundo eles, o paciente passou mal durante a manhã. Encontraram ele desacordado no quarto e socorreram ele”, explicou o delegado.

A Guarda Civil Municipal foi acionada e, segundo o boletim de ocorrência, dois funcionários da comunidade terapêutica que levaram a vítima ao pronto-socorro contaram que João teria sido agredido dentro da clínica. A Polícia Civil teve acesso a um áudio em que Mateus teria confessado a agressão. “Cobri no cacete, chegou aqui na unidade, pagar de brabo… cobri no pau. Tô com a mão toda inchada”, disse o suspeito em uma mensagem de voz. Ouça:

Em depoimento, o agressor confessou ter agredido o paciente, mas alegou que foi para contê-lo. “As agressões foram praticadas pelo Mateus, com possível participação de outras pessoas. O Mateus confessou que agrediu o dependente, mas afirmou que foi para contê-lo porque ele estava exaltado e agressivo”, disse o delegado responsável pela investigação.

A Polícia Civil de São Paulo vai investigar se outros funcionários participaram das agressões. Os 28 pacientes do local também vão prestar depoimento. A família de João já foi ouvida. A polícia solicitou exames necroscópico e toxicológico da vítima, e o celular de Mateus foi apreendido. Terezinha de Cássia de Souza e Luís Carlos da Silva, responsáveis pela comunidade terapêutica, foram citados no boletim de ocorrência.

A Prefeitura de Cotia informou que a clínica não tinha autorização para funcionar. A Vigilância Sanitária interditou o local e notificou o responsável a contatar os familiares dos internos para remoção imediata, que será monitorada pela prefeitura. Além disso, a equipe da Secretaria da Saúde identificou sinais de maus-tratos em outros internos. “Foi dado início ao trabalho de profilaxia, além da avaliação dos internos para verificar se precisam de atendimento”, diz a nota da prefeitura.

Mateus passou por audiência de custódia e teve a prisão preventiva decretada. Outros funcionários da Comunidade Terapêutica Efatá serão investigados para determinar se participaram da tortura ou foram omissos. Os proprietários da clínica também serão ouvidos.

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Última Atualização: 10/07/2024