O genocídio em Gaza perpetrado por Israel continua avançando e atingindo, sobretudo, as crianças. De acordo com o vice-diretor executivo da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Ted Chaiban, o ritmo em que as crianças palestinas estão morrendo não tem precedentes.
“É em Gaza onde o sofrimento é mais agudo e onde crianças estão morrendo em uma taxa sem precedentes”, diz.
A grave observação só corrobora o que todos os líderes mundiais já sabem: a invasão israelense aos territórios palestinos e a dificuldade imposta à entrada de ajuda humanitária tem acelerado o número de mortes.
Chaiban participou de uma coletiva de imprensa em Nova Iorque, sede da ONU, depois de retornar de uma missão em Israel, Faixa de Gaza e Cisjordânia.
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Além de pedir urgência para que a comunidade internacional crie mecanismos que possibilitem a entrada de alimentos e medicação, ele destacou que as altas temperaturas desses meses têm contribuído para ampliar o surto de doenças, uma situação que pode se agravar a qualquer momento. Somadas às dificuldades com a ajuda humanitária, os palestinos enfrentam dificuldades no acesso à água potável — o que piora tudo.


Como aponta, a Unicef tem levado 2,4 milhões de litros de água por dia ao norte de Gaza, alcançando 600 mil crianças. No entanto, ainda não é suficiente, assim como a flexibilização do acesso humanitário não dá conta da quantidade de famélicos que Israel mantém.
“Continuaremos a lutar para que as pausas humanitárias não levem a mais deslocamentos, pressionando a população para uma área cada vez menor.”
O vice-diretor indica que 18 mil crianças morreram em Gaza desde o início da guerra, uma média nefasta de 28 crianças por dia, e alerta: “Hoje, mais de 320 mil crianças pequenas correm o risco de desnutrição aguda”.
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Ele também ressalta que uma em cada três pessoas do enclave está há dias sem comer, o que fez o indicador de desnutrição ultrapassar o limiar da fome, atingindo um nível de desnutrição aguda acima de 16,5%, considerando toda a população.
“As próximas decisões vão determinar se dezenas de milhares de crianças vão viver ou morrer. Sabemos o que deve ser feito e o que se pode fazer. A ONU e as organizações não governamentais que integram a comunidade humanitária podem enfrentar isto”, disse Chaiban.


Em uma de suas visitas, ele esteve com as famílias das 10 crianças mortas e dos 19 feridos em um ataque aéreo israelense. As vítimas estavam com seus parentes em uma fila para receber alimentos em uma clínica nutricional em Deir el-Balah.
“As crianças que conheci não são vítimas de um desastre natural. Elas estão passando fome, sendo bombardeadas e deslocadas”, conclui Chaiban.