Ordem executiva deverá ser aplicada a 68 países e aos 27 membros da União Europeia. Enquanto Japão, UE e Coreia do Sul conseguiram negociar com Washington, Brasil é o mais atingido, com taxas de 50%.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva que prevê a entrada em vigor de novas tarifas sobre diversos países no dia 7 de agosto. O decreto, portanto, adiou em sete dias o tarifaço a vários parceiros comerciais dos americanos. Antes, o que havia sido anunciado era que a regra entraria em vigor nesta sexta-feira (01/08). A ordem deverá ser aplicada a 68 países e também a todos os 27 membros da União Europeia.
Enquanto algumas economias, como Japão, União Europeia e Coreia do Sul, conseguiram negociar com Washington, outras, como Índia, Brasil e Canadá, ainda não chegaram a acordos, deixando suas exportações para os EUA sujeitas a tarifas muito mais altas.
Os países não listados na ordem enfrentarão uma tarifa básica de 10%.
A razão para o adiamento da ordem é que o governo precisa de tempo para harmonizar as alíquotas tarifárias, segundo informações divulgadas por um funcionário do governo dos EUA à agência de notícias AP.
Trump impôs tarifas mais altas do que a previsão, com variação de 10% a 41%. As taxas foram fixadas em 25% para as exportações da Índia para os EUA, 20% para as de Taiwan, 30% para as da África do Sul e até 41% para as da Síria.
A tarifa para o Paquistão é de 19%, enquanto para Israel, Islândia, Fiji, Gana, Guiana e Equador é de 15%.
Brasil é o mais afetado
E o Brasil acabou sendo mesmo o mais atingido, com tarifas de 50% para produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos a partir de 6 de agosto.
No entanto, surpreendentemente, cerca de 700 produtos foram isentos das tarifas. Segundo especialistas, isso ainda coloca a tarifa média sobre produtos brasileiros em torno de 30%, enquanto a UE e o Japão foram cobrados em 15%.
Além dos supostos desequilíbrios no comércio bilateral, o governo Trump também cita o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, presidido pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, como motivação para as sanções.
A imposição de tarifas punitivas à economia brasileira e as sanções contra Moraes provocaram fortes reações no Brasil.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou a interferência americana no Judiciário brasileiro como “inaceitável”. A motivação política por trás das medidas, afirmou Lula, mina a soberania nacional do Brasil e a relação histórica entre os dois países.
Canadá sofre aumento de 25% para 35%
O decreto assinado por Trump também revelou um aumento de 25% para 35% sobre todos os produtos exportados pelo Canadá para os EUA – ao menos os produtos que não são cobertos pelo acordo comercial EUA-México-Canadá (USMCA), de acordo com informações divulgadas pela Casa Branca.
E acrescentou que os produtos canadenses levados para outros países para evitar as novas tarifas estarão sujeitos a uma taxa de transbordo de 40%.
O aumento da tarifa, segundo Washington, foi resultado da “contínua inércia e retaliação” do Canadá nas negociações com os EUA, além, em parte, ao “fracasso” para conter o fluxo de fentanil na fronteira entre os dois países, embora o Canadá seja responsável por apenas 1% das importações da droga para o território americano e tenha trabalhado intensamente para reduzir ainda mais os volumes, afirmou Mark Carney, primeiro-ministro canadense.
“Não conversamos com o Canadá hoje. Ele (Carney) ligou. Vamos ver”, afirmou Trump a repórteres durante um evento na Casa Branca antes do anúncio da taxa de 35%.
Carney disse que o Canadá está “decepcionado” com a decisão de Trump, já que as tarifas afetarão fortemente produtos como madeira, aço, alumínio e automóveis, alegando que diversificará os mercados de exportação e fortalecerá o mercado interno: “Os canadenses serão nossos melhores clientes. Podemos nos dar mais do que qualquer governo estrangeiro jamais poderia tirar, construindo com trabalhadores canadenses e usando recursos canadenses para beneficiar todos os canadenses.”
Publicado originalmente pelo DW em 01/08/2025